quinta-feira, 26 de junho de 2014

7

Capitulo dedicado a Mily Santana

-Uma filha Luan? Você tem uma filha? Ela disse irritada e berrando.
-Eu tenho! Quer dize, eu acho que tenho. 
-Acha? Como uma pessoa, acha que tem uma filha? Ela se irritava cada vez mais.
-Eu ainda não peguei o resultado do exame.
-Então era isso que você estava resolvendo? Balancei a cabeça positivamente. -Obrigada Luan. Obrigada por mais uma vez arruinar minha vida, depois de me tirar a chance de poder ser mãe, você ainda esfrega na minha cara que teve uma filha com outra mulher.
-Não estou esfregando nada na sua cara Lívia, só achei que devia te contar, você é minha mulher e eu não podia esconder isso de você.
-Devia me contar? Ela riu sarcástica. -Quanta coisa você escondeu de mim esses anos? E pra falar a verdade eu nem sei porque aceitou levar esse casamento adiante, eu sei que você não me ama. Tive que fica quieto pois ela estava certa. Me levantei quando a vi pegar a bolsa.
-Onde você vai?
-Pra casa da minha mãe. Não dá pra ficar aqui hoje. Ela disse e saiu batendo a porta. 
Desci e liguei pra uma pessoa que pudesse me ouvir ou, pelo menos, tomar um porre comigo. Em pouco tempo a campainha tocou.
-O que aconteceu boi? Rober perguntou já entrando.
-Contei pra Lívia da menina. 
-Vish! A casa caiu não foi? Assenti e servi duas doses de wisque. -E cadê ela? Ele perguntou pegando o copo e eu me sentei no outro sofá.
-Foi pra casa da mãe dela.
-O casamento foi pro saco é isso? O olhei numa forma de repreensão. -Foi ou não foi? Ele insistiu.
-Não sei cara! Ela falou um monte de coisa, mais não deixou claro se ia separar ou não. Tomei um gole da minha bebida.
-É melhor esperar sair o resultado do exame né?
-Verdade! Mais eu tenho quase certeza que sou pai daquela menina. Confessei.
-Parecer com você ela parece.
-Sabe o que tá me deixando mais louco nessa história toda?
-O que?
-Eu não faço a minima ideia de quem possa ser a mãe dessa menina. Bufei.
-Pergunta pra garota.
-Ela não fala cara.
-Insiste! 
-Eu vou tentar.
-Já pensou é uma baranga que você pegou muito louco na balada? Ele gargalhou e eu lhe joguei uma das almofadas que enfeitava o sofá.
-O único que pega baranga aqui é você. Conversamos por muito tempo e nada da Lívia voltar.
-Eu vou indo nessa. Já tomamos uma garrafa de wisque e amanhã o dia pra mim é longo. Rober disse se levantando.
-Mas não tem show amanhã. Lembrei.
-Você tá de folga, mas eu não. Levei Rober até a porta e voltei pra abrir mais uma garrafa de wisque. Queria que essa noite acabasse logo pra poder saber de uma vez o resultado daquele exame, saber de uma vez se eu tenho uma filha ou não. Olhei em meu celular e ainda não era nem meia noite. Lembrei que o telefone da garota estava no bolso da minha calça, subi e peguei. 
-Marcela! Li o nome no papel. Pensei em ligar, mas o que eu diria uma hora dessas? Melhor deixar isso pra amanhã. Aproveitei que estava no quarto e como a cama me chamava, me joguei nela, já havia bebido tanto que foi fácil pegar no sono.

Enquanto isso, na casa de Jéssica...

Depois do almoço coloquei Malu para dormir e fui arrumar umas coisas.
-Tá fazendo o que? Marcela como sempre invadindo meu quarto.
-Arrumando as coisas da Malu.
-Pra que?
-Pra levar pra casa do pai dela. 
-O resultado do exame ainda nem saiu. Ela disse se sentando.
-Eu sei que ele é pai da Malu da Marcela, você ainda não entendeu isso? A olhei nervosa.
-Desculpa ai. Ela riu se dando por vencida. -E que dia você pretende ir pra clinica?
-Ele viaja amanhã não é?
-Depois dessa, não sei nem se ele vai viajar ainda.
-Que seja. Saindo o resultado, você leva a Malu e eu vou pra clinica.
-Você não sente por estar abandonando a sua filha?
-Eu não estou abandonando a Malu Marcela. Eu estou indo me tratar, quando eu sair vou pegá-la de volta.
-É só que você vive julgando sua m...
-Chega tá? Me irritei de vez. -Eu já disse que não estou abandonando a Malu. Estou deixando ela com o pai, já disse a ele que vou resolver umas coisas de saúde e vou buscá-la assim que puder. Aquela mulher sim me abandonou. Foi embora sem dizer pra onde ia, porque ia e não disse nem se voltava ou não. Sem nenhum até breve, eu amo vocês, meus filhos. Nada! Ela estava cansada. Cansada de mim, cansada da vida maravilhosa que meu pai dava a ela. Isso é abandono! Disse tudo isso e ela apenas ouvia sem nada dizer. O silencio foi quebrado pelo celular dela tocando.

Na casa de Luan...

Acordei até que bem, nem parecia que tinha bebido tanto. Tomei um banho frio já que estava calor, me vesti e desci, o café estava servido então fui comer.
-A dona Lívia não vai descer agora? Estou preparando as tartines (torrada francesa) dela. Sueli disse.
-A Lívia já saiu. Menti e ela saiu sem perguntar mais nada. Tomei meu café e fui para a sala. Fiquei ali entediado, assistindo alguma coisa na televisão e nem vi a hora passar, só me dei conta que já era tarde, quando Sueli veio perguntar se podia servir o almoço.
-Não estou com fome agora. Quando a Lívia chegar você pode servir. Disse. Se é que ela vai chegar. Pensei e logo a campainha tocou. Corri desesperado e abri a porta. 
-Correspondência. Disse o rapaz da portaria.
-Obrigado! Agradeci e ele se foi. Vi no envelope que era do laboratório e minhas mãos ficaram tremulas. Me sentei e fiquei olhando o pedaço de papel que segurava, contei até dez e abri. Comecei ler o que dizia ali e não estava entendendo absolutamente nada, até chegar no fim da segunda folha onde dizia que: " O suposto pai, possui 99,99% de chances de ser pai biológico do filho."  -Acho que isso é um positivo. Disse ainda avaliando a folha de papel. Me sentei e lembrei de ligar pro número que Marcela deu, chamou duas vezes e ela atendeu.
-Alô? Ela disse confusa.
-Oi Marcela. É o Luan. Disse.
-Oi Luan.
-Então, o resultado do exame chegou.
-E você já abriu?
-Já. Eu acho que sou pai da menina.
-Acha? O que diz ai? Ela perguntou e eu disse o que tinha entendido de tudo aquilo. -É. Parabéns papai. Ela zombou. Fiquei um tempo ainda digerindo aquela noticia. 
-Então. Engoli em seco. -Você avisa a mãe dela e amanhã eu já posso pegar ela.
-Tá certo. Até as 14hrs eu levo ela até seu apartamento pode ser?
-Pode sim. Mas não é melhor eu ir buscar ela ai? Tem as coisas dela pra trazer.
-Não precisa não. Eu levo ela.
-Tudo bem. Combinamos tudo e desliguei. Tentei falar com Lívia, mas ela não atendia o celular, liguei na casa da mãe dela e disseram que ela não estava. Claro que eu não acreditei. Por certo ela mandou dizer isso pra não falar comigo.

No dia seguinte...

-Amiga, tem certeza que vai fazer isso? Marcela tentava fazer com que Jéssica mudasse de ideia.
-É o melhor a ser feito Mah! Que horas você vai levar ela? Jéssica perguntava já com lágrimas nos olhos por ter que deixar a filha.
-Marquei com ele as duas. Jéssica passou o máximo de tempo que pôde com a filha até a amiga avisou. -Eu tenho que ir levá-la. Com dificuldade de se separar, Jéssica entregou a filha para Marcela. -Não que ir comigo?
-Não! Eu não consigo. Disse a mãe aos prantos. -É melhor você ir de uma vez, antes que eu desista.Marcela colocou as coisas de Malu no carro e partiu para o apartamento de Luan.
-Oi! Entra! Ele disse ao abrir a porta.
-Oi. Marcela disse entrando. -Posso ver o resultado do exame?
-Tá aqui uma cópia pra você. Ou melhor pra...
-Eu já entendi. As coisas dela estão aqui. Ela disse entregando as bolsas.
-Eu precisava conversar com a mãe da menina.
-Maria Luiza.
-Ãn?
-O nome da menina é Maria Luiza. Malu se preferir.
-Lindo nome. Luan sorriu.
-O que você tem que conversar com ela?
-Sobre o registro.
-Está ai na bolsa.
-Mas ela já registrou?
-Sem o seu nome claro. Você mesmo pode fazer isso.
-Então tá.
-Eu tenho que ir. Marcela disse e os dois se despediram.

Na casa de Luan...

Cheguei em casa e nem sinal de Lívia. 
-Sueli! Gritei e ela apareceu na sala.
-Sim senhor Luan? Ela disse um pouco confusa com a presença da criança ali.
-Me ajuda levar essas coisas lá pra cima. Pedi e ela pegou as bolsas no chão da sala. Subimos até o quarto e eu coloquei a pequena menina em minha cama. -Eu nem sei nem o que fazer. Disse a olhando confuso.
-Senhor Luan?
-Fala Sueli.
-Posso fazer uma pergunta? Perguntou e eu fiz sinal pra que prosseguisse. -De quem é essa menina?
-Pode parecer estranho, mas é minha. Disse coçando a cabeça.
-Do senhor? Como pode?
-Longa história Sueli, longa historia. Disse. -Dá uma olhadinha nela ai pra mim. Pedi e fui até o closet. Sabia que quando Lívia voltasse não ia querer me ver nem pintado e muito menos a menina, então decidi ir pra casa da minha mãe então coloquei algumas coisas minhas numa mala.
-Onde o senhor vai?
-Quando a Lívia chegar diz que estou na casa da minha mãe. Vou levar essas coisas pro carro. Disse e peguei minhas malas e de Malu e desci. Assim que sai da casa, Lívia estacionou seu carro na garagem então parei pra esperá-la.
-Oi Lívia. Disse.
-O que está fazendo?
-Te liguei pra gente poder conversar e você não me atendeu.
-Não estava em condições de falar com você. Não me respondeu onde vai?
-Bom. O resultado do exame saiu e eu pensei que não fosse me querer mais aqui.
-Então deu positivo!
-Deu! Disse e ela entrou em casa. Coloquei as bolsas no carro e entrei também. Fui para o quarto e ela estava lá olhando Malu nos braços de Sueli.
-Ela já está aqui?
-A mãe precisou resolver algumas coisas, eu vou ficar com ela por enquanto. Disse pegando Malu do colo de Sueli.
-Pra onde você vai com ela?
-Pra casa da minha mãe. Depois eu vejo o que faço. Disse pegando a mantinha na cama.
-Luan. Lívia chamou antes que eu saísse do quarto, a olhei. -Fica! Ela disse chorando.
-Quer que eu fique?
-Já está feito não está? 
-Tem certeza Lívia? 
-Você é meu marido. Eu vou ajudar você cuidar dela. Ela disse e sorriu ainda chorando.

1 mês se passou...
  
As coisas ia super bem com a chegada de Malu, meus pais me deram uma bronca enorme, mas aceitaram de boa. A imprensa caiu matando nos primeiros dias, pelo fato de eu ter tido uma filha fora do casamento, mas também mudaram o foco rápido. Estava de folga dos shows e fui pra uma reunião num restaurante. Rober me pegou em casa e fomos.
-E como está a vida de pai? Ele perguntou enquanto dirigia.
-É massa cara. Sorri. -A Malu é um amor de criança e tá ficando cada dia mais esperta.
-Olha só. Quem diria. Luan Santana um bom pai. Zombou e eu ignorei. Chegamos no restaurante e demos inicio a reunião. 
-Eu vou no banheiro. Disse e sai da mesa. Quando estava saindo, vi alguém familiar na porta do banheiro feminino falando ao telefone.
-Eu vou Jéssica. Só vim almoçar com as meninas no restaurante do seu pai e já estou indo. Ela dizia. -Eu não disse a ninguém onde você está, só que já está na hora de sair não acha? Continuou. -Tá bom, eu estou indo. Ela finalizou a ligação e eu sai dali sem ela me ver.
-Que cara é essa? Rober perguntou assim que voltei pra mesa.
-Eu tenho que ir ver uma coisa. Vem comigo. Disse.
-Mas e a reunião?
-Gente eu tenho que ir pra casa. Depois me digam o que resolveram ai. Disse rápido e puxei Rober comigo. 
-Pra onde você vai?
-Aquela garota está ai e acho que ela vai até onde a mãe da Malu está.
-Pirou foi?
-Eu vi ela na entrada do banheiro, estava falando ao telefone e disse que estava indo não sei pra onde.
-E o que você pretende fazer?
-Seguir ela. 
-Você só pode tá ficando maluco.
-Eu preciso saber quem é essa mulher Testa. É a mãe da minha filha. Ele ia dizer alguma coisa, mas o interrompi. -Olha ela lá. Apontei a garota indo em direção a um carro.
-É mesmo ela. Ele disse.
-Eu falei que era. Lhe dei um tapa na cabeça. -Ela está saindo. Dei partida no carro e comecei segui-la.



Saibam o que acontece, no próximo capitulo kkkkkkkkk

Indicando: 

sábado, 21 de junho de 2014

6

-Não, pera ai Jéssica. Sério mesmo, o que estão te dando naquela clinica? Você tá ficando cada vez mais xarope das ideias.
-Eu estou falando sério Marcela.
-Como falando sério? Você tá dizendo ai que a Malu é filha do Luan Santana. 
-E eu estou falando a verdade.
-Já vi você nos seus momentos de brisa e juro, você nunca falou tanta asneira na sua vida.
-Puta que pariu Marcela. Dá pra me ouvir?
-Ok! Ela se sentou em minha cama e prestou atenção em mim.
-Na noite da inauguração do restaurante do pai, depois que a gente foi pro muquifo da boate do Guilherme, um carinha me cercou e eu dispensei ele de cara, mas depois que eu já estava muito louca encontrei com ele de novo, ai a gente deu uns beijos por lá e ele me levou pra um apartamento, o que aconteceu lá eu não preciso te dizer e mesmo que precisasse eu não diria, porque eu não me lembro, só sei que quando eu acordei de manhã, sóbria...dei enfase na ultima palavra. -Eu o vi ali deitado do meu lado. Contei tudo e ela ouvia prestando atenção.
-E como você pode ter certeza que a Malu é filha dele?
-Porque depois dele eu não transei com mais ninguém.
-E se você já estivesse grávida antes de ir pra cama com ele?
-Eu não estava porra! Caralho dá pra acreditar em mim? Se eu não tivesse tanta certeza, não daria a ele a chance de fazer um exame de dna, ainda mais na clinica que ele quiser.
-Então...?
-Até que enfim você acreditou. Respirei aliviada.
-Meu Deus do céu! Ela parecia em choque. -Você tem noção do que está acontecendo aqui? Ela se levantou e começou andar de um lado para o outro, como todas as vezes que ela ficava nervosa.
-Só o que eu sei é que a vida dele vai dar um giro de 360 graus. 
-Tá! Se sentou ao meu lado. -Como você quer que eu dê essa noticia pra ele?
-Vamos pensar nisso ainda, mas tem que ser hoje, eu tenho que procurar outra clinica pra me internar.
-Amiga, você está ótima, já pode ficar em casa.
-Não Mah, eu não posso. Pra poder cuidar da minha filha eu preciso aprender cuidar de mim primeiro e eu ainda não sei se estou pronta. Vou me internar, fazer umas seções de terapia, análise e o que mais eu tiver que fazer, ai eu volto.
-Mas como eu vou encontrar com ele?
-No escritório, na frente do condomínio onde ele mora.
-E você tem os endereços?
-O que acha que eu estava procurando quando pesquisava sobre ele?
-Ou seja, eu vou ter que acampar na portaria do condomínio e na frente do escritório?
-Tipo isso.
-Mas será que ele está em São Paulo?
-Isso a gente descobre agora. Peguei o note e abri em seu site. -Ele tem show aqui hoje. O ultimo do ano. Acho que depois disso ele entra de férias.
-É, natal chegando e ele vai ganhar um presentão do papai noel. Ela disse. 
-Cala a boca! Joguei uma almofada nela. -Tive uma ideia.
-Ai senhor, já vi que vou me dar mal.
-Você vai nesse show.
-Não vou não.
-Vai sim, e vai dar um jeito de falar com ele.
-Como? Ele deve andar com um batalhão de seguranças.
-Dá seu jeito Marcela, você tem que falar com ele.
-Ok Jéssica, mas você vai ficar me devendo pra vida toda.
Resolvemos mais uns detalhes desse plano e ela foi embora se arrumar, enquanto eu cuidava da minha filha.

Enquanto isso, na casa de Luan...

-Amor, está bom assim? Lívia saiu do closet usando um vestido azul, não muito curto, com mangas de renda e cabelos presos num penteado lateral, podia não ser apaixonado por ela, mais não podia negar que ela era linda.
-Está linda. Disse a olhando.
-Seus pais e a Bruna vão com a gente?
-Vão.
Terminamos de nos arrumar e logo tocaram a campainha. Passamos na casa dos meus pais e seguimos para o local do show, que seria o ultimo do ano, depois disso, férias. 
Chegamos e fui falar com as meninas que estavam no estacionamento, enquanto minha família entrava com o resto da equipe. Tirei algumas fotos e dei alguns autógrafos, ao passar pelas meninas, uma delas pegou em minha mão e li em seus lábios um: Eu preciso muito falar com você. E ao soltar sua mão, notei que ela havia deixado um papel na minha. Fui caminhando com Rober e Well ao meu lado até chegar no camarim.
-O que é isso? Testa perguntou.
-Uma menina me deu, dizendo que precisava muito falar comigo.
-Deve ser só mais uma fã querendo se aproximar.
-Não sei, ela tinha um olhar de desespero.
-E suas fãs não se desesperadas?
-Cala a boca porra. Disse irritado. Abri o papel e lá dizia que eu era pai...-PAI? Dei um grito e me levantei do sofá onde estava sentado.
-Tá maluco cara? Seu pai não tá aqui. 
-Aqui está dizendo que eu sou pai.
-Me dá isso aqui. Ele pegou o papel da minha mão. -Vai mesmo acreditar nisso?
-Não! Estava confuso. -Não sei! E se for verdade?
-Luan, esse é o golpe mais antigo da história.
-Mas nunca deram esse golpe em mim.
-Olha, a menina diz que tá no mesmo lugar que te entregou a carta, faz como você quiser. Ele deu de ombros.
-Então vai lá e fala pra ela me esperar. Melhor! Pega ela e leva pro meu apartamento, depois do show eu vou pra lá.
-Tá maluco? Você nem conhece a menina e vai levar ela pro seu apartamento?
-Não vai ser a primeira e nem a ultima, agora vai.
-Tá bom, eu vou! Então trate de se arrumar logo.
Rober saiu e eu fiquei ali pensando na possibilidade daquilo ser verdade, eu podia estar caindo no golpe mais antigo assim com Rober disse, mais eu senti alguma coisa quando vi aquela garota, e se fosse mesmo verdade, poderia ter um filho meu a caminho. Me arrumei, atendi as fãs, a imprensa e o show começou.

-Fez o que eu pedi? Perguntei a Rober assim que sai do palco.
-Fiz! O que vai fazer agora?
-Sair logo daqui antes que a Lívia me encontre. Sai arrastando ele sem nem passar no camarim, só pedi pra ele mandar uma mensagem pra alguém da equipe e avisar que estava tudo bem. 

-Me espera aqui tá.
-Você manda e eu obedeço. Rober disse e eu sai do carro. No elevador, não conseguia controlar meu nervosismo e curiosidade também. Enfim chegou no andar do meu apartamento e eu sai desesperado.
-Pensei que não viria mais. A garota disse se levantando do sofá.
-Eu tinha um show pra fazer. Fechei a porta e me aproximei dela. -Essa história é...
-É verdade sim.
-Mas eu não me lembro de você. Disse a olhando dos pés a cabeça e ela era bem gostosinha. 
-E nem podia, não sou eu a mãe do seu filho.
-Não? E quem é então? Porque ela não veio?
-Ela está com uns problemas...
-Financeiros?
-Não, de saúde. Ela não precisa do seu dinheiro se é com isso que está preocupado.
-Tá! Mas como eu posso ter certeza que não estão querendo me enganar? E se essa criança não existir?
-Ela existe. Ela tirou o celular do bolso e me mostrou uma foto. 
-Quem é?
-Sua filha! Você é bem lerdo né? Ela guardou o celular novamente.
-Mais já nasceu?
-Você leu a carta que te entreguei?
-Li!
-Não parece. Ela explica direitinho tudo ai na carta e você ainda fica me enchendo de perguntas.
-Eu tô nervoso. 
-E então?
-Então o que?
-Puta que pariu hein. Como a gente vai resolver isso?
-Bom! Pelo que eu entendi aqui, ela precisa que eu fique com a criança pra ela resolver umas questões de saúde.
-Exato!
-O que ela tem?
-Isso não é da sua conta.
-Você é bem mal educada né?
-Reclama com meus pais, eles que me educaram. Então?
-Puta que pariu. Minha família vai cair matando em cima de mim. Bufei. 
-Resolve logo isso, que eu tenho que ir embora.
-Eu posso conhecer a criança?
-Claro. No dia que for fazer o exame levo ela até você.
-E porque a mãe não leva?
-Que dia você pode fazer o exame? Ela desviou o assunto.
-Eu viajo daqui 3 dias e só volto depois de um mês.
-Então tem que fazer antes de viajar.
Pensei um pouco e respondi. 
-Amanhã! Pode ser amanhã.
-Ok! Eu trago a criança aqui e você leva ela na clinica que quiser.
-Eu? Mas você vai comigo né?
-Não! Não quero saber o laboratório que fez o exame, pra depois não vir dizer que invadimos o sistema e mudamos o resultado.
-Nossa! Você anda assistindo muito filme policial.
-Não! São as novelas da globo mesmo.
-Mas como eu vou levar ela sozinho?
-Se vira, você vive rodeado de gente, alguém pode te acompanhar.
-Tá certo. Amanhã te encontro aqui
Descemos e ela seguiu seu caminho. Voltei para o carro completamente atordoado.
-E ai cara? Tá pálido.
-Como você ficaria ao descobrir que é pai?
-Então é mesmo verdade?
-Parece que sim. Vou fazer o exame amanhã.
-Já?
-A garota precisa resolver umas coisas de saúde e quer que eu fique com a menina.
-Menina? Então já sabe até o sexo.
-Ela já nasceu né seu anta. Dei um tapa em sua cabeça.
-Porra! Então o caso foi antigo.
-Eu tô fudido se eu for pai dessa menina.
-A Lívia vai te matar.
-Nem me fale. Agora vamos.

Na casa de Jéssica...

E ai? Perguntei assim que vi Marcela entrar no meu quarto, Malu dormia e então tínhamos que falar baixo.
-Amanhã!
-Amanhã o que?
-Ele vai fazer o exame amanhã. Se sentou em minha cama.
-JÁ? Dei um grito e depois me acalmei pra não acordar minha filha.
-Você disse que tinha pressa não disse? E como ele vai viajar daqui três dias, ou pelo menos ia viajar né? Riu. -Se esse exame der que ele é pai da Malu, acho que os planos vão ter que mudar.
-Ele É pai da Malu Marcela, entende de uma vez. E como foi tudo lá? Me deitei e Marcela começou me contar os detalhes de sua conversa com Luan. Como já estava tarde, ela dormiu na minha casa mesmo.
Acordei de madrugada pra trocar e amamentar Malu e voltei pra cama.
-Sabe de uma coisa.
-Que porra Marcela. Pensei que tava dormindo. Me deitei.
-Acordei quando você saiu com a Malu.
-O que foi agora?
-Esse Luan Santana é bem gostosinho sabia? Vendo assim pelas fotos nem é tudo isso, mas ao vivo e a cores, sassinhora.
-Depois eu que tô delirando. Ri.

Na casa de Luan...

Entrei no quarto e Lívia já dormia, fui tomar meu banho pensando em como ficaria minha vida se eu for mesmo pai daquela menina. Eu, pai? Como eu vou contar isso pros meus pais, pras minhas fãs? Como eu vou contar isso pra Lívia e acabar de arruinar a vida dela? Ela não podendo mais ter filhos e eu aqui tendo filhos com outra mulher e ainda ter que trazer essa criança pra viver com a gente, como será que ela vai reagir? Você é muito burro Luan. Me xingava em pensamento. Terminei meu banho e fui me deitar.
-Pensei que fosse passar a noite fora como de costume. Lívia disse assim que me deitei.
-Fui resolver uma coisa.
-Sei bem o que você foi resolver Luan.
-Não começa Lívia, eu tô com a cabeça cheia.
-Você Luan? Ela se sentou e acendeu a luz do abajur. -Eu tenho que aturar suas traições de boca fechada e você está de cabeça cheia? A única que tem a cabeça cheia aqui sou eu, cheia de chifres! 
-Será que dá pra gente dormir em paz ou eu vou ter que ir pro quarto de hospedes? A olhei.
-Dorme Luan! Dorme em paz. Ela se deitou. -Só quero saber o que mais eu vou ter que aturar. Apagou a luz e eu definitivamente estaria morto se essa menina for minha filha. 

-Vai sair de novo? Lívia perguntou ao me ver pegando a chave do carro.
-Tenho que resolver uma coisa importante?
-Que coisa importante?
-Dependendo do resultado, você vai ficar sabendo logo. Sai e segui pro meu apartamento, onde Rober já me esperava.
-A garota já chegou? Perguntei entrando.
-Não! E como estão as coisas em casa?
-Não contei ainda.
-E quando vai contar?
-Só vou contar se eu for pai da menina. O interfone tocou e Rober foi atender.
-A menina chegou.
-Então bora logo. Desci com Rober e a garota estava na portaria com um bebê em seu colo. -Posso ver? Perguntei e ela levantou o paninho rosa que cobria  a bebê. 
-Tem certeza que vai fazer esse exame? Rober perguntou baixinho em meu ouvido.
-Eu tenho que fazer cara.
-E eu acho que não precisa. O olhei sem entender. -A menina é sua cara. Olhei novamente a menina e até que vi alguma semelhança entre a gente.
-Então é melhor vocês irem logo. A garota disse estendendo os braços pra que eu pegasse a menina.
-Eu não sei segurar. Disse apavorado.
-É melhor aprender né? Ela disse ainda com os braços estendidos em minha direção, então eu estendi os meus e ela colocou a menina ali. Confesso que tremia um pouco, mas fui me acostumando e a sensação era boa.
-Vamos? Rober disse.
-Como eu vou te entregar a menina depois?
-Anota meu numero ai. Quando saírem da clinica me liga que eu venho pra cá.
-Acho melhor você esperar aqui.
-Na rua?
-No meu apartamento. Rober dá a chave pra ela. 
-Eu volto quando vocês...
-Fica! É melhor. Disse e ela aceitou a proposta.  Eu e Rober fomos para a clinica e como havia pedido, fomos atendidos rapidamente e o resultado sairia até amanhã. Normalmente, demoraria até meses, mas como pedi muita urgência e paguei muito bem, seria mais rápido. Fizemos a coleta e então voltamos para o apartamento, afinal a menina precisava comer.
-O resultado fica pronto amanhã. Avisei a garota.
-Tudo bem. 
-Me passa seu numero e quando eu receber te aviso. Pedi e a garota fez o que pedi. Nos despedimos e ela foi embora.
-E agora o que vai fazer? Rober perguntou.
-Vou pra casa conversar com a Lívia. 

Cheguei em casa e Lívia não estava, agradeci por isso, teria mais um tempo pra me preparar e ensaiar o que diria a ela. Tomei um banho frio e fiquei esperando. Logo ela apareceu cheia de sacolas.
-Já chegou amor. Ela disse indo colocar as sacolas no closet e veio me dar um beijo. -O que você tem? Tá tenso!
-A gente precisa conversar. Me sentei. -Na verdade eu preciso te contar uma coisa.
-Fala logo. Fiquei um tempo em silencio, pensando em como dizer aquilo pra ela, e não encontrei forma melhor a não ser falar de uma vez.
-Eu tenho uma filha. Disse e ela parece ter ficado em choque.


Ferrou! Lascou! Foi pro pau! FUDEUUUU!!! E agora? Será que ela vai pedir o divórcio? Tá indo tudo muito rápido né? Mas logo desacelera.

5

-Tem certeza que quer fazer isso? Ela perguntou e senti a satisfação em sua voz.
-Se eu não fizer não sei se consigo levar essa gravidez adiante. Disse derrotada.
-É a coisa certa a se fazer amiga.
-Eu acho que sim. Marcela me ajudou arrumar minhas coisas e depois descemos com elas para a sala.
-Onde fica essa clinica?
-No interior. Queria te pedir uma coisa.
-O que?
-Não conta pra ninguém onde estou.
-Mas Jéssica...
-Por favor Marcela, pro Léo você pode até contar, mais só pra ele.
-E seu pai e seu irmão?
-Não quero que saibam. Tive sorte do meu pai não fazer um escândalo por causa da gravidez.
-Quando eu cheguei no hospital ele não estava com uma cara muito boa mesmo.
-E como ainda não nos encontramos depois disso, acho melhor evitar maiores problemas.
-Você quem sabe, mas e o...?
-O que? Abri a porta indo para a garagem.
-O pai dessa criança. Ela me acompanhou.
-Já disse pra esquecer isso.
-Jéssica ele tem que saber.
-Não tem não! Pelo menos não agora.
-E você vai me dizer que ele é?
-Na hora certa. Pode me levar até a clinica e trazer meu carro de volta?
-Claro né.

Como o caminho até a clinica era um pouco longo, paramos numa lanchonete e fomos fazer um lanchinho.
-Quanto tempo pretende ficar por lá?
-Eu não sei bem como é o funcionamento da clinica, sei que é uma que cuida especialmente de grávidas com alguma dependência, acho que vou ficar até a criança nascer, não me sinto segura de ficar aqui fora, sei que não consigo.
-Você tem que ter mais confiança em você mesma.
-Eu bem queria ter.

Chegamos na clinica e o ambiente até que era agradável, nada mais justo já que o que estava pagando não era pouca coisa. Conversei com a recepcionista que até era simpática e ela pediu que me levasse até meu quarto.
-É bem legal aqui. Marcela disse olhando ao redor.
-Dá pra sobreviver. 
-Agora eu tenho que ir. Como a gente vai se falar?
-Trouxe o celular e o note.
-Ah, pensei que não podia.
-Se não pudesse eu procuraria uma clinica que pudesse, eu quero ficar longe da bebida e das drogas, não das pessoas.
-Ok! Agora acho que tenho que ir embora. Fez cara de triste.
-Me liga quando chegar. Disse a abraçando.
-Se cuida tá?
-Não posso fazer muita coisa aqui né? Dei de ombros. E por favor...
-Pode deixar que não vou contar nem pro seu pai nem pro Gui que você está aqui. Mas se eles perguntarem?
-Diz que viajei e não te contei pra onde fui.
-Meio difícil eles acreditarem né, mas tudo bem. 

Marcela foi embora e eu fiquei ali, na esperança de dar um jeito em minha vida.


6 meses haviam se passado desde que me internei, havia saído da clinica apenas uma vez, para um "teste de resistência" E até que me sai bem, não bebi, não me droguei e nem senti vontade. Mas confesso que os primeiros dias foram terríveis, a vontade de tomar ou usar alguma coisa era enorme e tiveram que me dar sedativos pra que eu me acalmasse.
Hoje eu iria sair novamente e Marcela já estava me esperando.
-Terminei. Disse.
-Então vamos. Daqui a pouco é hora da sua consulta. Hoje eu faria meu primeiro ultrasom e descobriria o sexo do meu bebê. 
Coloquei minha bolsa no banco de trás e entrei no carro. Fomos o caminho todo conversando sobre assuntos aleatórios e nem vi o tempo passar. Só me dei conta quando estávamos paradas na frente da clinica onde faria a ultrassom. 
-Tem alguma preferência? A médica perguntou?
-Não. Disse olhando a telinha em minha frente e ela continuou passando aquele aparelho em minha barriga.
-Tá entendendo alguma coisa? Marcela perguntou confusa.
-Nada. Ri. 
-Bom! Tá tudo bem com vocês. A médica disse me olhando.
-E deu pra ver? Perguntei.
-É uma menininha. Ela disse sorrindo e por um momento acho que me emocionei. Conversamos mais um pouco e Marcela fazia perguntas a médica como se ela fosse a mãe da criança, acho que a médica deve ter achado que somos lésbicas, só pode. Peguei os papéis que ela me deu e saímos da clinica.
-Vamos comprar suas vitaminas e dar uma passadinha no shopping antes de ir pra sua casa.
-No shopping pra que Marcela?
-Como pra que? Agora que a gente sabe o sexo, temos que comprar o enxoval. Ela respondeu empolgada.
-Calma ai né? Você é o que agora? Pai da minha filha?
-Não! Mas sou a madrinha.
-Ah é? E quem te convidou posso saber?
-Eu mesma. Rimos. 
-Ok! Mas sem compras hoje, quero tomar um banho e ficar na minha cama.
-Tá sentindo alguma coisa?
-Estou.
-O que?
-Preguiça. Passamos na farmácia, compramos as vitaminas que me foram receitadas e Marcela foi me deixar em casa. 
-O Léo chamou a gente pra comer uma pizza mais tarde. Ela disse assim que entramos no quarto.
-Vamos ver como eu vou estar mais tarde.
-Te ligo então. Marcela foi embora e eu fui tomar um banho, coloquei um pijama qualquer e me deitei. O sono era tanto, que logo adormeci. Acordei com alguém batendo em minha porta. 
-Entra! Disse.
-Eu trouxe um lanche pra senhora. A empregada disse entrando com uma bandeja.
-E quem disse que eu...Respirei. -Pode deixar ai. Ela fez o que eu pedi e antes que ela saísse eu agradeci, percebi sua reação, não estava acostumada a receber agradecimentos da minha parte. Me levantei e comi o que ela havia trazido. Peguei meu note e fiquei pesquisando umas coisas. Coisas essas que seriam uteis pra mim mais tarde. 
-Que bom que já está acordada. Marcela disse entrando no quarto me assuntando.
-Nossa Marcela. Não sei se você lembra, mas eu tô grávida.
-Desculpa amiga. Disse se sentando. -Desde quando gosta do Luan Santana? 
-Não gosto.
-E porque tá pesquisando sobre ele?
-Por nada ué. 
-Eu hein. E ai você vai com a gente pra pizzaria?
-Não sei. Nossa, ele está morando aqui em São Paulo. Disse.
-Ele quem? Marcela perguntou e eu apontei para a tela do note. -E dai?
-E aqui em Alphaville. 
-Jéssica o que te deu? Nunca gostou de sertanejo e agora fica ai pesquisando sobre esse cara. Esse tempo na clinica te deixou xarope foi?
-Nossa você tá chata hein. É melhor eu ir me arrumar e ir logo pra essa pizzaria antes que você me torre a paciência. Fui para o banheiro e lá tomei meu banho pensando no que faria daqui uns meses. Pretendia ficar mais um tempo na clinica quando minha filha nascesse e pra isso ela precisaria ficar com alguém, meu pai e meu irmão com certeza não se habilitariam pra isso, Marcela era uma forte candidata a isso, mas não a privaria das suas coisas, o que me restava...
Terminei meu banho e fui me vestir.
Terminei e Marcela ainda fuçava em meu note.
-Vamos? Chamei quando terminei a maquiagem.
-Bora. Ela desligou o note e saímos, passamos em sua casa e Léo já nos esperava.
-Você está linda. Ele disse ao me ver.
-Você disse a mesma coisa semana passada quando foi me visitar. Disse e todos rimos.
Fui na frente com Léo e Marcela foi atrás, logo chegamos na pizzaria e pedimos uma mesa. Léo já conhecia meus gostos para pizza, então ele mesmo fez meu pedido junto com o dele, Marcela fez o dela e a moça anotou.
-Um vinho pra acompanhar? Ela perguntou e ouvir aquilo, naquela altura do campeonato...bom, não era mais tão torturante.
-Refrigerante pra todo mundo. Léo respondeu e eu sorri pra ele. A moça saiu e Marcela parece ter respirado aliviada.
-Por um momento pensei que...
-Que eu fosse aceitar o vinho? Primeiro que vocês não deixariam. Rimos. -E segundo que eu já consigo controlar isso.
-Como estão as coisas na clinica? Léo perguntou.
-Já foram piores.
-Que bom que está se recuperando de tudo amiga. Marcela pegou em minha mão. Nossa pizza chegou e minutos depois quando olhei pra porta de entrada me engasguei.
-O que foi Jéssica? Léo perguntou me olhando assustado.
-Nada! Só me engasguei. Tomei um pouco do refrigerante e voltei ao normal.
-Não é aquele cantorzinho que você tava vendo na internet mais cedo? Marcela apontou.
-Onde? Me fiz de desentendida. -Não sei.
-Claro que é. Não é o Lua Santana ali Léo? Ela mostrou e ele olhou na direção.
-Acho que sim. Mais o que tem ele?
-A Jéssica tava pesquisando sobre ele na internet hoje.
-O que tem demais nisso Marcela.
-Demais, nada. Se pelo menos você gostasse de sertanejo não é?
-Ele até tem umas músicas legais. Blefei, já que nunca tinha escutado suas músicas. -Agora será que dá pra gente comer em paz?  Sugeri e voltamos comer e conversar sobre coisas da nossa infância, confesso que não estava prestando muita atenção na conversa pois não estava confortável com a presença dele ali.

Voltei pra clinica uma semana depois e as coisas seguiam normalmente. 
Meu pai e meu irmão ainda não sabiam da minha internação e nem saberiam, pelo menos não por mim. Quem pagava as despesas era eu mesma, então eles não precisavam saber. Sei que se eles soubessem, fariam questão de me jogar na cara que sou uma doente, fraca.

Meses depois...

Estava deitada depois de uma sessão coletiva no jardim e comecei sentir umas dores. Gritei e logo uma das moças apareceu.
-O que aconteceu? Ela perguntou e eu me contorcia na cama, logo senti algo molhado escorrer por minhas pernas.
-Me ajuda. Pedi entredentes.
-Acho que sua bolsa estourou. Ela apertou um botão que havia ali e uma das enfermeiras apareceu. A dor era insuportável e eu cerrava os dentes pra não gritar mais alto. 
-A ambulância já está chegando a enfermeira disse.

Logo eu já estava na sala de parto. 
-Como está a mamãe mais linda desse mundo? Marcela disse entrando no quarto.
-Horrível. Disse ainda fraca.
-Parabéns amiga. Já viu nossa princesinha.
-De relance. Eu apaguei assim que ela nasceu.
-Será que vão demorar pra trazê-la?
-Não sei. Como você soube?
-Deixei meu numero na recepção da clica. O Léo está lá fora. Ela disse e logo a enfermeira entrou com minha filha no colo.
-Olha quem está cheia de fome. Ela disse se aproximando.
-Eu não sei se consigo pegar. Nunca segurei uma criança. Fiz careta.
-Toda mãe sabe como segurar seu filho. Ela sorriu confiante e colocou lentamente aquele pequeno ser em meus braços. E pra ser sincera, nada se comparava a essa sensação. Eu carreguei essa criança 9 meses em minha barriga, senti enjoos, dores e agora ela está aqui, quentinha, indefesa e precisando de mim.
-Ela não se parece muito com você. Marcela disse a olhando.
-Deve parecer com o pai então. A enfermeira disse ajustando algumas coisas.
-Parece? Marcela perguntou duvidosa e eu ignorei. -Você ainda não me disse qual nome vai colocar nela.
-Maria Luiza. Disse sorrindo.
-Sua avó se chamava Luiza. Ela sorriu também.
-Por isso.
A enfermeira me ajudou com a amamentação e isso doía muito. Depois que Marcela saiu, Léo entrou e conversamos um pouco. Depois de três dias, tive alta e voltei pra casa.

-Olha só quem chegou. Guilherme disse quando entramos.
-Oi pra você também. Passei direto e fui com Marcela para o meu quarto. 
-Nunca vai se dar bem com ele não é? Ela perguntou colocando as coisas na cama.
-Enquanto ele for o tosco e idiota que for, não.
-Você precisa ver onde vai fazer o quartinho dela, ou vai ficar com ela aqui no seu quarto mesmo?
-Ela não vai ficar aqui.
-E vai fazer o quarto dela onde?
-Ela vai pra casa do pai dela. 
-Você vai levar ela pra casa do pai? Porque?
-Eu não, você vai.
-Eu?
-Eu vou voltar pra clinica, acho que preciso de mais um tempo lá, antes de sair de vez entende? Agora que tem a Malu, tenho medo de como vai ser.
-O cara nem sabe que é pai, como eu vou chegar lá e falar: Oi tudo bem, toma aqui sua filha. 
-Eu vou explicar tudo numa carta, você entrega pra ele e pronto.
-Numa carta Jéssica?
-É o jeito. Vou contar da noite que ficamos, não sei se ele vai lembrar pois estávamos bêbados, eu só me lembro, porque, acho que não daria pra esquecer, ai peço na carta pra ele fazer o exame de dna na clinica que ele quiser e pronto.
-Nossa! E quem foi essa transa inesquecível que você não me contou?
-Luan Santana.


Tcharammmmm!!! E agora meu povo? Como será que o papai Santana vai reagir. Gente digam ai se vcs tão gostando, tô tão insegura e carente hoje :((( kkkkkk




quarta-feira, 18 de junho de 2014

4

-Como grávida Jéssica? Como você foi deixar isso acontecer? Marcela me perguntava andando de um lado para o outro.
-Quer mesmo que eu te diga como isso aconteceu? A olhei irônica.
-Como você consegue brincar numa hora dessas?
-Você quer que eu faça o que?
-Primeiramente que você pare de usar isso. Tomou as coisas que estava em minha mão.
-Eu disse que vou parar. Me levantei. -Quando eu quiser. Tentei pegar as coisas de volta mas foi em vão.
-Parou Jéssica. Chega! Se você quer acabar com sua vida isso já é um problema seu. Agora prejudicar uma criança que não tem nada a ver com suas maluquices e nem tem culpa da mãe que tem, isso eu não vou permitir.
-Para de se meter na minha vida. Para de agir como se fosse minha mãe e me deixa em paz. Gritei.
-Eu não estou agindo como se fosse sua mãe e sim como sua amiga que é o que realmente eu sou e não vou deixar você levar a vida dessa criança pro buraco junto com a sua. Ela gritou também e eu não fazia outra coisa a não ser chorar. Então ela me abraçou.

Marcela ficou comigo até que eu me acalmasse e depois disso foi embora. Não quis jantar mas também não bebi mais. Marcela tinha razão, pelo menos eu acho que tinha. Essa criança não tinha culpa de nada e nem devia pagar pelas minhas maluquices e eu jamais faria algum mal a "ela" já que condenava minha mãe sempre por ter me abandonado pequena. Fiquei horas analisando minha atual situação e pensando no que faria daqui pra frente até enfim, conseguir pegar no sono.
Acordei no dia seguinte e dei de cara com Marcela me olhando.
-Tá fazendo o que aqui? Perguntei ainda sonolenta.
-Vim ver como você está.
-Eu tô bem. Me sentei.
-Toma seu café e vamos dar uma volta.
-Eu não quero. Resmunguei.
-O que?
-Nem o café e muito menos dar uma volta. Me deitei novamente e coloquei um travesseiro na cabeça.
-Por favor Jéssica. Eu já soube que você não jantou ontem.
-Eu não senti fome.
-Ok! Mas agora você vai levantar, tomar um banho, descer pra tomar um café da manhã descente e nós vamos dar uma volta. Ela disse isso e puxou a coberta.
-Tá Marcela! Você venceu. Me levantei derrotada e me arrastei até o banheiro. Tomei meu banho rapidamente e sai. Marcela já havia separado uma roupa pra mim, então me vesti.
Depois de empurrar o café da manhã pra dentro, escovei meus dentes e saímos sem rumo. Marcela tagarelava coisas que eu não prestei atenção, não conseguia parar de pensar no que faria daqui pra frente. Chegamos numa pracinha e nos sentamos.
-Tá passando mal? Ela perguntou me analisando.
-Não, porque?
-Tá quieta.
-Eu tô bem.
-Eu sei que você vai ficar chateada comigo, mas eu preciso te perguntar uma coisa.
-Pergunta.
-Você sabe quem é o pai dessa criança? 
-Claro que eu sei. Disse e ela ficou me olhando. -Mas isso não vem ao caso. Ele nunca vai saber que essa criança existe.
-Jéssica, pelo amor de Deus, ele precisa saber.
-Pra que?
-Como pra que? Ele é o pai.
-Olha Marcela. Eu ainda não sei como vai ser minha vida daqui pra frente, nem o que eu vou fazer, minha única certeza é que eu vou cuidar dessa criança sozinha. Disse decidida e ela me olhou negando. Marcela ficou na casa dela e eu fui para a minha. Me joguei no sofá e já que não tinha ninguém em casa além da empregada, liguei o som no ultimo volume na esperança de não ouvir nem minha consciência. Tentativa falha, claro! Os últimos acontecimentos não me saiam da cabeça, a morte da minha avó, a noticia da gravidez, tudo isso estava me atormentando. Fiquei deitada sem saber o que fazer e ao passar os olhos pelo móvel onde ficavam as bebidas não me contive, me levantei e fui até lá. Peguei uma garrafa de wisque e mandei pra dentro sem pensar nas consequências que isso me traria mais tarde.

Tomei a garrafa toda e quando acabou, ainda sentia falta de alguma coisa, subi para o meu quarto e vasculhei tudo atrás do que procurava mas não encontrei nada. Pensei em ligar para Davi mas ele não viria até aqui me trazer, então peguei a chave do carro e decidi ir até ele, mas fui interrompida quando vi Léo parado em minha porta.
-O que tá fazendo aqui? Perguntei embolado.
-Vim te visitar e onde você pensa que vai desse jeito?
-Eu preciso sair. 
-Você não vai pra lugar nenhum nessa situação, ainda mais dirigindo. Ele disse tomando a chave de minha mão.
-Me dá isso Leonardo. Gritei.
-Você só pode tá ficando maluca. Acha mesmo que vou deixar você dirigir nesse estado?
-Eu preciso sair, preciso de uma coisa.
-Drogas não é?
-E se for, não é da sua conta. Agora me dá essa chave.
-Já disse que não vou dar e você não a lugar nenhum. Ele me pegou no colo e me levou pra dentro de casa, subiu para o meu quarto e trancou a porta.
Depois de brigar com Leonardo e quase quebrar tudo em meu quarto, acabei adormecendo.

Enquanto isso na casa de Luan...

Cheguei em casa depois de mais uma semana de shows e encontrei Lívia cabisbaixa no sofá.
-O que houve? Perguntei me sentando ao seu lado.
-Hoje está fazendo dois anos que perdi nosso filho. Ela disse deixando as lágrimas escorrerem, a abracei em sinal de conforto, não saberia o que dizer e nada que eu dissesse mudaria o que aconteceu. -Se nada daquilo tivesse acontecido, hoje ele estaria aqui com a gente.
-Deus sabe o que faz amor, se não aconteceu é porque não era hora. Acho que disse besteira. Pensei comigo.
-Não era hora? Ela pareceu se irritar. -Não era e nunca vai ser não é, já que eu não posso mais ter filhos. Ela esbravejou e subiu para o quarto, não fui atrás porque sabia que não adiantaria. Eu sei que acabei com a vida de Lívia e com seu sonho de um dia ser mãe, mas a gente não sabe o rumo das coisas quando fazemos algo sem pensar, e foi o que aconteceu no dia do acidente. Nós havíamos ficado algumas vezes  e ela acabou engravidando, nunca a amei e isso nunca foi segredo pra ninguém, inclusive pra ela. Quando ia pra balada com os amigos acabava ficando com outras mulheres e numa dessas noites ela acabou me pegando no flagra, discutimos ali na boate mesmo, eu disse coisas horríveis a ela, que não a amava e que não me casaria com ela por conta dessa gravidez, ela saiu da boate chorando e desesperada e logo em seguida vieram me avisar do acidente, sai da boate e a encontrei ensanguentada e desacordada. O resgate chegou e a levaram para o hospital, lá tivemos a noticia de que ela havia perdido o bebê, depois que ela saiu do hospital, fez alguns exames e descobriu que não poderia mais engravidar, eu, me sentindo culpado por ter arruinado a vida dela, resolvi me casar e achei que todos os problemas estariam resolvidos depois disso. Tomei umas doses de wisque e subi para o quarto, ela estava deitada e pude notar que ela estava chorando. Passei direto indo para o banheiro e tomei o meu banho.


Na casa de Jéssica...

Acordei no dia seguinte e vi a bagunça que estava no meu quarto, ignorei aquilo e fui para o banheiro, o mundo estava girando e minha cabeça explodia, vomitei tudo o que tinha para vomitar, escovei os dentes, tomei um banho e coloquei uma roupa qualquer, desci e encontrei meu pai na sala falando ao telefone, fui para a cozinha e a empregada estava fazendo alguma coisa que não reparei o que era.
-Depois você sobe no meu quarto e arruma a zona que está lá. Disse pegando uma maçã na fruteira e fui para a área da piscina, a água estava tão convidativa e eu precisando acordar então me joguei de roupa e tudo na água.
-O advogado da sua avó vem aqui mais tarde. Meu pai disse aparecendo do nada.
-Pra que? Perguntei desinteressada.
-Leitura do testamento. Ele disse dando as costas e antes que ele sumisse do meu campo de visão, senti uma dor horrível e gritei por conta disso. Ele me olhou e assim que viu correu. Eu sai da piscina com dificuldade e quando olhei pra água vi que ela estava vermelha. A dor era tremenda que eu só sabia chorar e gritar.
-O que houve? Meu pai perguntou se abaixando em minha frente.
-Está doendo muito. Coloquei a mão na barriga. Ele me pegou no colo e me levou até meu quarto, a empregada estava lá e se assustou ao no ver daquele jeito.
-O que aconteceu? Ela perguntou soltando a vassoura que segurava.
-Pega uma muda de roupa pra Jéssica e ajuda ela se trocar, rápido. Ele disse e saiu. Ela me ajudou como ele havia pedido e depois que terminou chamou meu pai que entrou na mesma hora.
-Consegue andar? Ele perguntou.
-Porque?
-Vou te levar pro hospital.
-Não precisa. Disse e dei um grito em seguida.
-Claro que precisa. Você está sentindo dores e ainda perdeu sangue. Ele me pegou no colo novamente e me levou para o carro.

Acordei e Marcela me olhava preocupada.
-Está melhor? Ela perguntou.
-O que aconteceu? Perguntei fraca.
-Você passou mal e seu pai te trouxe pra cá.
-Como soube que estava aqui?
-Ele precisou ir pra casa e me ligou avisando.
-E o...
-Está tudo bem com o bebê se é isso que você quer saber. Respirei aliviada. -Mas poderia não estar não é Jéssica? Você ficou maluca de vez? Beber daquele jeito e se não fosse o Léo ter aparecido sabe-se lá o que tinha acontecido.
-Já chega tá. Eu sei que não devia, mas...
-Mas você não consegue, você precisa se controlar amiga.
-Eu tento. Abaixei a cabeça em sinal de derrota.

Sai do hospital no mesmo dia e quando cheguei em casa, Marcela se encarregou de não sair do meu lado um minuto sequer, o que estava me irritando, mas eu não disse nada, pois precisava que ela ficasse ali.
Depois de tomar um banho e jantar, forçada, me deitei e em poucos minutos adormeci. 
Sonhei com minha mãe, no dia em que ela foi embora, eu com 7 anos, a noite anterior tinha sido incrível, ela penteava meus cabelos antes de dormir e me contou a mais linda historinha, ficou ao meu lado até eu pegar no sono e quando eu acordei e fui atrás dela pra dar bom dia ela não estava mais em casa. Imagina como é para uma criança, acordar e a única coisa que ela encontra daquela pessoa que ela achava que a amava é um bilhete escrito: "Chega de tudo isso, cansei!"
Cansou? Como uma mãe se cansa dos filhos e os abandona dessa forma? Acordei desesperada e desci pra tomar água. Encontrei Guilherme na sala.
-Já soube da ultima que aprontou. Ele disse me olhando.
-Não enche. Passei direto e fui tomar água. 
-Acho melhor o papai tomar alguma providência a seu respeito, ou você vai torrar o dinheiro da vovó em menos de um mês. Ele disse aparecendo na cozinha.
-Do que você tá falando?
-Não soube do testamento? Neguei. -A vovó deixou a maioria dos bens pra você. E você sabe que isso não é pouca coisa.
-Eu preferia que ela estivesse aqui. Coloquei o copo na pia e voltei para o meu quarto. Me deitei novamente e o sono demorou aparecer, fiquei pensando e acabei tomando uma decisão. Acordei cedo fiz algumas ligações e depois de tudo resolvido fui arrumar minhas coisas.
-Tá fazendo o que? Marcela perguntou me olhando arrumar minhas malas.
-Eu tomei uma decisão. Disse.
-Que decisão?
-Eu vou me internar.


Eita nóis, essa Jéssica é meio "fora da casinha" né? Desculpem TODA essa demora, eu não sei o que aconteceu com meu blog que ele não estava entrando de forma alguma, entrei em outro que eu tenho e estava normal, arrumei um pra uma nega e tbm estava normal, só esse que estava de sacanagem, mas graças a Deus meu irmão conseguiu arrumar, espero que não aconteça isso de novo.
E agora, será que a Jéssica vai contar quem é o pai dessa criança? Será que ela vai conseguir se tratar desses vícios? Aguardem as cenas dos próximos capítulos. Eu sei que ainda tá tudo complicado, mas logo descomplica ok kkkkkkk. 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

3

Um mês e meio havia se passado e minha vida continuava a mesma merda de sempre. Semana passada recebi uma ligação de minha avó dizendo que em poucos dias voltaria para o Brasil e que me esperava em sua casa. Eu, claro, me animei com essa noticia. Não via a hora de poder ir morar definitivamente com minha avó, ela era mãe do meu pai e a única pessoa da família que me dava bem. Ela teve que ir para a Itália resolver umas burocracias da herança que meu avô havia deixado para ela. 
-Quando é que você vai pra casa da vovó? Guilherme perguntou chegando na sala.
-Quando ela voltar. Disse sem dar importância a sua presença e continuei comendo meu brigadeiro e assistindo meu filme.
-Será que ela vai conseguir colocar juízo na sua cabeça?
-Eu tenho juízo, só que uso moderadamente. E porque você tá aqui?
-Eu moro aqui oras.
-Eu quis dizer, o que você faz aqui conversando comigo? Desde quando a gente tem um diálogo?
-É que eu vim te avisar que se você continuar causando lá na minha boate eu vou fazer o que eu já devia ter feito a muito tempo.
-E o que eu fiz de mais posso saber?
-Dançar em cima do balcão pra você não é um pouco demais?
-A foi isso? Ri. -Os clientes gostaram isso eu te garanto.
-O aviso tá dado. A próxima que você aprontar eu proíbo sua entrada ali.
-Acha que eu me importo? Aquela espelunca que você chama de Sua boate não é a única e nem a melhor da cidade.
-E porque você não sai de lá?
-Porque lá eu posso beber de graça. Gargalhei e ele saiu bufando.
Até parece que vou deixar de viver minha vida do meu jeito por medo de ser barrada na porta de uma boate. Me barram em uma e eu parto pra outra, comigo é assim. Como disse,a única vantagem que tenho de ir naquela merda de boate é que não preciso gastar nenhum centavo. O filme que eu assistia acabou, levei as coisas pra cozinha e subi para o meu quarto. Estava um pouco indisposta e depois de tomar um banho me deitei. Não tinha se passado nem dois minutos que havia me deitado e porta se abriu.
-Levanta dessa cama mulher. Marcela entrou e já foi logo abrindo as cortinas.
-A gente dá liberdade pra uma pessoa e ela exagera na dose, é foda viu. Coloquei o travesseiro na cabeça.
-O que você tem? 
-Preguiça serve?
-Levanta dai e vamos dar uma volta, tomar um sorvete.
-Acabei de devorar uma panela de brigadeiro.
-Porra, e nem me chamou?
-Me deixa dormir um pouco vai? Reclamei.
-Pelo visto não vai sair essa noite.
-Quem disse que não?
-No estado que você está ai.
-Eu vou sair sim, eu preciso fazer uma coisa.
-Que coisa?
-Quem viver verá. Rimos.
-E o sorvete?
-Tá bom Marcela, vamos tomar esse sorvete logo. Me levantei e fui trocar o pijama por uma roupa descente.
Fomos para a sorveteria e Marcela fez nosso pedido. 
-Não vai me dizer o que vai aprontar hoje a noite?
-Só vou dar uma liçãozinha no meu irmão.
-Me tira fora dessa ok?
-Você não vai precisar fazer nada, fica tranquila. 
-E vem cá. O que tá acontecendo com você que nunca mais te vi indo embora com ninguém?
-Nada, só não tô afim ué.
-É que você recusando uma boa noite de sexo é de se estranhar. Ela riu.
-Nem sempre é tão boa assim. E você e o Guilherme, como estão?
-Não estamos né.
-Eu canso de te avisar pra sair dessa. Você vai acabar se machucando. Sabe que ele não gosta de você e fica se iludindo.
-Valeu pela força Jéssica. Ela fechou a cara.
-Eu só não quero ficar te enchendo de esperanças sabendo que não tem. Amiga, você sabe que o Guilherme não presta e fica correndo atrás.
-O que eu posso fazer?
Terminamos nosso sorvete e voltamos pra casa falando besteiras. Cheguei em casa e assim que entrei na cozinha, o cheiro da comida fez meu estomago embrulhar de uma forma absurda só me dando tempo de correr para o banheiro social e botar tudo pra fora. Sai e dei de cara com a empregada na porta.
-A senhora está bem?
-Se eu estivesse bem não estaria vomitando, agora sai da minha frente. Fui para a sala e me servi de uma dose de wisque.
-A senhora não devia beber já que está passando mal. A insuportável insistia em me infernizar.
-E quem é você pra me dizer o que devo ou não fazer? Volta pra cozinha que lá é o seu lugar. Tomei minha bebida num só gole e fui para o meu quarto.
O que estava acontecendo comigo? Sempre bebi exageradamente e nunca me senti tão mal assim, será que todas essas coisas erradas já estão começando me prejudicar? Ou será que é só um mal estar por ter bebido demais ontem? 
A hora de ir pra boate estava se aproximando e eu fui me aprontar. Tomei meu banho, vesti minha lingerie, coloquei um roupão por cima e sai. Enquanto fazia minha maquiagem, liguei o som do meu quarto numa estação qualquer. Fiquei pensando no que Marcela havia dito e realmente fazia tempos que não ficava com ninguém, pelo menos não a ponto de ir pra cama. Terminei minha maquiagem:


E bateram em minha porta.
-Entra. Disse.
-Licença dona Jéssica. A empregada disse entrando.
-O que você quer aqui?
-Telefone pra senhora. Ela disse me mostrando o aparelho.
-Diz que eu não estou.
-Mas...
-Sai logo daqui. Fui a empurrando pra fora do quarto e tranquei a porta. Como essa mulher consegue ser tão insuportável. Peguei minha roupa que já havia deixado separada e me vesti:
Terminei de me arrumar, peguei minhas coisas, desliguei o som e sai. 
Passei na casa de Marcela e logo ela saiu já pronta.
-Eu estou quase me arrependendo de sair essa noite com você. Ela disse após se sentar e fechar a porta.
-Já disse pra ficar tranquila que não fazer nada de mais.
-Isso já basta pra me deixar assustada. Dei partida no carro e seguimos para a boate do meu irmão. 
-Boa noite dona Jéssica. O segurança disse assim que chegamos.
-Boa noite. Sabe se meu irmão já está ai?
-Está sim, ele chegou cedo hoje.
-Bom saber. Puxei Marcela pelo braço e entramos.
-Vai ir falar com seu irmão? Ela perguntou.
-Não! Vou curtir minha noite. Fomos para o bar e Lucy veio até a gente.
-O de sempre? Ela perguntou imaginando o que eu queria.
-Não Lucy, hoje eu quero só um energético. Disse e tanto ela quanto Marcela me olharam incrédulas.
-Tá doente amiga? Marcela perguntou.
-Só preciso estar em sã consciência pra seguir com o meu plano. Lucy entregou meu energético e o drinque de Marcela e nós fomos dançar. Quando vi que a boate estava cheia e que teria platéia suficiente, dei incio ao meu show. Subi na mesa como na noite passada e comecei dançar conforme a música tocava. Marcela me olhava incrédula e os marmanjos aplaudiam minha performance, em poucos minutos pude ver Guilherme se aproximando do balcão.
-Jéssica desce dai agora. Ele gritava.
-Quem vai me tirar daqui? E parece que seus clientes estão gostando. Não estão? Perguntei e os caras gritavam enlouquecidamente. Dois seguranças da boate pegaram em meus braços um de cada lado, me colocando no chão.
-Você é ridícula. Cuspiu Guilherme.
-E você um idiota. Acha mesmo que preciso da sua boate pra me divertir? Tá enganado querido e antes mesmo que você me expulse daqui, eu vou sair por livre e espontânea vontade. 
-Porque você é assim?
-Porque não tenho motivos pra ser como você.Idiota! Eu só fiz isso pra mostrar que não preciso beber pra fazer minhas loucuras. Me deu vontade eu vou lá e faço, agora me dá licença que eu vou procurar um lugar melhor pra frequentar de hoje em diante. Empurrei ele e sai puxando Marcela até a saída.
-Você é maluca? Porque não me disse que ia fazer isso?
-Se eu dissesse você ia tentar me impedir.
-Se eu me der mal com seu irmão você me paga. -Vamos pra casa.
-Claro que não! A noite nem começou direito.
Fomos para outra boate e depois de nos divertir horrores voltamos pra casa.

...

Estava muito ansiosa pra ir morar com minha avó e não via a hora dela voltar, me levantei cedo, tomei um banho e desci.
-Dona Jéssica ligaram da Itália.
-Era minha avó? O que ela disse?
-Era de um hospital, sua avó teve um derrame ontem e está internada em estado grave.
-Ontem? E só porque avisaram hoje? Me irritei.
-Eu tentei avisar, mas a senhora não deixou.
-Tentou? Você tentou o que sua incompetente. Me irritei mais ainda. Some da minha frente. Gritei e ela saiu correndo. Era só que me faltava agora, não pode acontecer nada com a minha avó, ela é a única pessoa que eu tenho nesse mundo, se acontecer o pior, como eu vou viver sem ela? Me sentei no chão da sala e comecei chorar.
-Jéssica o que aconteceu? Meu pai entrou na sala e foi até mim.
-Porque aconteceu isso com ela? Ela não pode morrer, ela não pode. Soluçava.
-Ela quem?
-Minha avó. Minha avó teve um derrame e está em estado grave no hospital.
-Meu Deus.
-Eu vou pra lá. Me levantei depressa e senti o mundo girar.

...

Abri os olhos e encontrei meu pai me olhando.
-O que aconteceu? Me sentei de vagar. 
-Você desmaiou. Ele disse num suspiro.
-Minha avó. Eu preciso ver minha avó. Me levantei e corri para o meu quarto, peguei uma mala no closet e comecei jogar peças de roupas dentro, sem me importar se serviriam para usar na Itália ou não.
-Jéssica para. Meu pai apareceu.
-Eu preciso ir pra lá. Minha avó precisa de mim.
-Jéssica não adianta mais.
-Claro que adianta. Quando ela sentir minha presença vai melhorar eu sei que vai.
-Jéssica. Meu pai segurou meu braço me impedindo de colocar mais roupas na mala. -Não vai adiantar você ir pra Itália, sua avó faleceu. Ele disse um pouco triste.
-Não! ELA NÃO PODE ME DEIXAR. Gritava e chorava ao mesmo tempo.
-Eu sinto muito, mas não podemos fazer mais nada.

...

Depois do choque da morte da minha avó, não havia me recuperado ainda e nem sabia se iria. As crises de enjoos aumentou gradativamente e eu não tinha outra alternativa a não ser procurar um médico, por mais que não gostasse dessas coisas de exames, precisava saber o que estava acontecendo já que tinha alguns dias que não bebia nada e continuava passando mal. Fiz todos os exames que o médico pediu e quando ficaram prontos fui levar pra que ele avaliasse.
-Eu tenho alguma doença? Perguntei e ele me olhava sério. -Eu vou morrer é isso?

...

Sai da clinica sem acreditar no que tinha escutado. isso não podia ter acontecido comigo, o que seria de mim agora? O que eu iria fazer se nem de mim mesma eu sei cuidar. Cheguei em casa transtornada e subi para o meu quarto levando uma garrafa de wisque, precisava de alguma coisa pra me fazer esquecer os problemas, peguei na minha bolsa minha paradinha  e quando estava prestes a usá-la, Marcela entrou.
-Jéssica? Ela se assustou ao me ver sentada no chão. -O que aconteceu? Se sentou ao meu lado.
-Aconteceu que minha vida é uma merda.
-Amiga, as coisas vão melhorar daqui a pouco, você vai ver.
-Melhorar Marcela? Ri nervosa. -A cada dia que passa, as coisas pioram. Dei um gole em minha bebida, direto da garrafa mesmo.
-Está assim ainda por causa da morte da sua avó?
-Ela está num bom lugar agora. Longe de pessoas falsas e de toda a sujeira desse mundo.
-E o que foi então? Para de beber vai. Ela tentou pegar a garrafa da minha mão.
-Eu passei mal outra vez. Olhei pra ela.
-Isso que dá ficar bebendo desse jeito.
-Marcela, quantos dias faz que eu bebo?
-Não sei.
-Desde que minha avó morreu. Tomei aquele porre no dia e nunca mais bebi nada.
-E porque você passou mal então?
-Eu fui no médico. Abaixei a cabeça.
-E o que ele disse? Permaneci em silencio e de cabeça baixa. -O que você tem Jéssica? Pelo amor de Deus me diz que você não está com nenhuma doença grave. Se levantou desesperada. Respirei fundo e olhei pra ela.
-Eu tô grávida. Deixei as lágrimas caírem.


Vish ferrou, e agora hein?

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