terça-feira, 16 de dezembro de 2014

32

Entramos na casa e dona Mari apareceu vindo da cozinha, Malu ficou se remexendo no colo do pai e a avó babona entendendo o recado pegou a pequena.
-Oi minha princesinha. Ela enchia Malu de beijos.
-Vovó tem pudim? Malu perguntou coçando a nuca e Mari me olhou rindo.
-Você quer pudim meu amor? Mari perguntou e Malu sacudiu a cabeça positivamente. -Então vamos lá na cozinha, a vovó fez um pudim bem grandão só pra você. Ela disse me encarando com um sorriso travesso nos lábios e o Luan me olhou esperando que eu impedisse minha filha de ir.
-Só porque hoje eu tô boazinha. Luan sorriu e foi pra área de lazer da casa.
-Aqui Lívia, achei sua pulseira no quarto do Luan. Mari se aproximou da bruaca e só então notei que ela ainda estava na sala.
-Ah, obrigada Mari, pensei que tinha perdido. Essa pulseira é muito importante pra mim. Ela disse e me olhou. -Foi o primeiro presente que o Luan me deu. Ainda me encarava e eu revirei os olhos.
-Então cuidado pra não perder em outro lugar. Mari disse e saiu levando minha pequena pra cozinha.
-É linda não é? Ela mostrava a pulseira pra mim. Era brilhante, com uns pingentes de coração. Linda!
-Pois é, pena que não merece a dona que tem. Disse e fui para a cozinha. -A Marcela já está por aqui? Perguntei a Mari assim que entrei na cozinha.
-Ainda não querida, mas daqui a pouco deve estar chegando. Disse sorrindo enquanto Malu devorava um pedaço de pudim. Dei um beijo na testa de minha filha e sai para a área de lazer, Bruna ao me avistar se levantou rapidamente e caminhou em minha direção.
-Que bom que chegou. Ela disse abrindo um largo sorriso.
-Porque tanta felicidade em me ver? Perguntei.
-Preciso falar com você. 
-Sobre o que?
-Vamos lá no meu quarto. Ela agarrou minha mão e saiu me puxando casa a dentro. Assim que chegamos na sala, vi Marcela chagando com Renan.
-Nossa, pensei que não viria mais. Bruna reclamou.
-Bom dia pra vocês também coisas chatas. 
-Vamos lá no meu quarto, preciso falar com vocês. Bruna chamou, Marcela se despediu do namorado e subimos.
-O que tem de tão importante pra falar com a gente? Perguntei me sentando na cama.
-Na verdade é mais com você do que com a Mah.
-Nossa, valeu então. Vou voltar lá com meu namorado. Marcela fez drama. 
-Não sua idiota. A Jéssica pode me ajudar mas também preciso dos seus conselhos.
-Marcela dando conselhos? Sei não hein? Zombei e ela me deu uma travesseirada.
-Posso falar? Bruna nos encarava. Eu e Marcela nos ajeitamos na cama e Bruna começou.
-O Rafa me pediu em namoro.
-E dai? Marcela disse.
-E dai que a Jéssica entra na história.
-Eu? Porque?
-Você não deve saber mas meu irmão é muito ciumento.
-O Luan?
-Que eu saiba ele é meu único irmão.
-Ele não me parece nada ciumento.
-Mas é. E eu preciso que você amanse a fera.
-Eu?
-Não, minha avó.
-Eu não sei se posso ajudar Bruna.
-Claro que pode. Conversa com ele. Faz aquele cabeça dura entender que eu não sou mais uma criancinha.
-Eu acho que o Luan não vai se importar de você namorar o Rafa. Eles são amigos.
-Vocês não conhecem o Luan como eu conheço e sei muito bem que ele não vai gostar nada disso, ainda mais sabendo a vida que o rafa leva.
-Que vida? Marcela perguntou parecendo espantada.
-Ele canta né? Vive rodeado de mulheres, vive viajando. O Luan não vai gostar nada disso.
-Ele pode e os outros não? 
-Esse é o problema, ele também leva essa vida e sabe as coisas que acontecem. Não vai querer que eu passe por isso.
-Olha Bru. Você vai ter que falar pra ele que está namorando, se ele encrencar eu dou um jeito e falo com ele, não fica achando que ele não vai gostar se você ainda nem falou nada. Disse.
-Será que ele não vai se importar? Ela torceu a boca numa careta.
-Vamos pagar pra ver. Marcela sugeriu.
-Tudo bem. Eu vou falar com ele, qualquer coisa eu corro pra você. Bruna me encarou e nós rimos. 
-Agora a gente pode colocar um biquíni e aproveitar o dia maravilhoso que está lá fora ou a senhorita vai continuar nos mantendo presas aqui? Marcela indagou e Bruna lhe mostrou o dedo do meio. Peguei meu biquíni na bolsa e fui me trocar.

Esperei as meninas terminarem e descemos. Malu estava no tapete brincando com alguns brinquedos que havia acabado de ganhar.
-Ela vai ficar muito mimada desse jeito. Disse.
-Nem tente convencer minha mãe a parar com isso, tanto eu quanto o Luan já falamos com ela mas não tem jeito. Toda vez que saímos e ela vê uma loja de brinquedos começa: Ah minha bonequinha vai adorar isso. Ah a Malu vai adorar aquilo. Ela dizia imitando a mãe e eu ria. 
-Já que não posso fazer nada né? Dei de ombros e seguimos para a piscina. Ao atravessarmos a porta que dava acesso à piscina, os olhos famintos dos rapazes ali presente, se voltaram a nossa direção. Bati meus olhos em Luan e ele me olhava com certa admiração. As meninas e eu nos olhamos e gargalhamos das caras deles.
-Acho que tem um babador da Malu lá na bolsa. Vou pegar pra você. Disse parando na frente de Luan que estava relaxando em uma das espreguiçadeiras.
-Porque você faz isso comigo? Ele perguntou e eu me sentei ao seu lado.
-Não estou fazendo nada oras. 
-Não vai entrar na água? Ele perguntou.
-Primeiro vou pegar uma corzinha. Disse me levantando e parando outra vez em sua frente, abaixei o short.
-Puta que pariu em Jéssica. Ele reclamou e eu ri.
-Não queria que eu ficasse com o short né? Dei a volta e me deitei na espreguiçadeira ao seu lado. -Ia ficar uma marca horrível.
-Não quer ajuda pra passar protetor?
-Não precisa, a Marcela já passou em mim.
-A Marcela?
-É Luan. Nós nos trocamos no quarto da Bruna, Marcela passou protetor em mim, depois eu eu passei nela e na Bruna. Expliquei ele parecia pensar em algo, com os olhos fixos em algum lugar. -O que foi agora? Perguntei e ele sacudiu a cabeça como se afastasse algum pensamento. -Eu não acredito. Disse já imaginando o que se passava naquela cabeça pervertida.
-O que? Me olhou confuso.
-Eu não acredito que você estava imaginando a cena.
-Digamos que é meio excitante.
-Luan, sua irmã estava junto. Indaguei.
-Não na minha imaginação.
-Você é um pervertido. Dei um leve tapa em seu braço.
-Como se fosse só eu. Pergunta pra qualquer homem aqui se nunca imaginaram duas mulheres se pegando.
-Nós não estávamos nos pegando, só passamos protetor uma nas costas da outra.
-Não deixa de ser excitante. Me encarou. -Mas foi só nas costas mesmo né?
-Foi Luan. Revirei os olhos. -Acho que eu ainda consigo alcançar minha própria bunda.
-Ah claro. Só perguntei porque se precisasse de ajuda eu poderia...
-Luan cala a boca vai. 
Fiquei um tempo ali tomando sol enquanto Luan me enchia a paciência com suas palhaçadas.
-Jéssica vem jogar aqui com a gente. A Bruna tá fazendo cú doce. Rober chamou.
-Não tô fazendo cú doce, só não quero jogar.
-Eu vou gente. Parem de discutir. Me levantei rindo dos dois e ainda pude ver Lívia se aproximar.
-Luan passa protetor aqui em mim. Ela pediu.
-Você tá muito branquela, tá precisando pegar uma corzinha. Ri da resposta de Luan e entrei na agua. Estava fazendo dupla com Rober, enquanto Marcela estava com Renan. Pra falar a verdade, fazíamos mais bagunça do que jogávamos vôlei. Desistimos do jogo e quando vi, Luan já estava dentro da agua. 
-Aquelas duas não param de olhar pra gente. Apontei e Luan olhou na direção.
-Já disse que a Kari é amiga da Lívia.
-Elas devem estar me xingando.
-Não dá atenção pra elas não. A Lívia sabe que não quero mais nada com ela, que não tem mais volta. Não sei nem porque ela ainda frequenta a casa dos meus pais.
-É melhor a gente deixar essas duas pra lá mesmo. Me encostei na borda da piscina e Luan me encurralou. -O que foi agora?
-Quero um beijo. Disse fazendo bico.
-Luan, melhor a gente não ficar se beijando assim no meio de todo mundo.
-Porque não? Todo mundo já sabe que a gente tá junto.
-Mesmo assim. É estranho, ainda mais na frente da Lívia.
-Deixa de coisa e me dá um beijo logo. Ele não me deu alternativas e me tascou um beijão. 
-Bora parar com esse assanhamento. Ouvi Rober dizer e em seguida um jato de agua nos atingiu. E assim começamos uma guerra. Estava tudo muito divertido e mesmo Lívia me lançando olhares matadores, conseguia me distrair e esquecer que ela estava presente. 
Tudo corria tranquilamente, até Rober sair da piscina, aproveitando um momento de distração de Lívia, a pegar no colo e sem exitar, a jogou na agua.
-Você tá maluco? Ela esbravejou. Olhei Rober e ele tinha um olhar de medo. -Perdeu a noção Roberval? Ela o fuzilava e eu me segurava pra não rir.
-Para de ser dramática Lívia. Luan se meteu. -Vem pra cá e fica ai com essa cara de bunda. 
-Queria que eu ficasse com que cara Luan? Sendo obrigada presenciar certas coisas. Ela disse e me olhou furiosa.
-Você veio por que quis, ninguém te chamou. E se vai continuar frequentando a casa dos meus pais, vai se acostumando. Essa não foi a primeira e nem vai ser a ultima vez que vou trazer a Jéssica aqui. Então, por favor, ou fica na sua e não enche ou entra na brincadeira. O clima ali ficou tenso por um tempo. Foi só Lívia sai da piscina e entrar na casa pra todos se olharem e soltar a gargalhada que estava presa. 
-Vocês viram a cara dela? Rena ria alto.
-Pensei que ela fosse te esquartejar. Marcela entrou no clima.
-Vocês não valem nada. A coitada tava quietinha no canto dela. Disse e todos continuaram rindo. -Eu vou entrar e dar alguma coisa saudável pra Malu comer antes que ela se entupa de pudim. Dei um selinho em Luan e entrei na casa.
-O que aconteceu com a Lívia? Ela saiu daqui soltando fogo pelas ventas. Mari perguntou assim que entrei na cozinha.
-O Rober jogou ela na piscina. Ri.
-Esses meninos não prestam.
-Concordo com a senhora. Cadê a Malu?
-Está na sala assistindo.
-Vou lá dar um banho nela. Fui até a sala e encontrei Malu deitada no sofá assistindo um desenho, a olhei e seus olhinhos denunciavam que estava com sono. -Filha, vem tomar um banho. Chamei.
-Agora não mamãe.
-Agora sim Malu. Depois você come alguma coisa e dorme.
-Eu não quero dormir. Ela se sentou e coçou os olhinhos inchados.
-Ah não? Ri. -E essa carinha ai? Ela ficou me olhando de bico. -Vamos subir vai filha.
-Tá bom! Ela se levantou batendo o pé e eu ri por dentro. Birrenta igual o pai.
-Porque você não foi pra piscina ficar com a gente?
-Perguntei enquanto íamos para o quarto.
-Porque eu queria ficar brincando.
Terminei de dar banho em Malu e voltamos para o quarto. Fui procurar uma roupa pra ela no armário de Luan e ouvi vozes, quando voltei dei de cara com ele brincando com nossa filha.
-Mamãe eu não quero almoçar, tô com sono. Malu começou fazer pirraça.
-Não quer comer mas vai né Malu. Comeu doce o dia inteiro, precisa comer uma coisa saudável agora.
-Papai? Malu fez manha para Luan e ele me olhou como se pedisse "por favor"
-Nem adianta me olhar com essa cara Luan. Ela precisa comer sim.
-Só um pouquinho filha. Luan tentava convencer nossa filha. -Se você não comer agora a mamãe não vai mais deixar a vovó fazer pudim pra você. Depois de muita insistência, Luan conseguiu convencer Malu. Enquanto vestia Malu, Lua foi até a varanda do quarto e em segundos voltou estranho.
-O que foi? Perguntei e ele continuou em silencio. -Aconteceu alguma coisa Luan? Insisti.
-Tá tudo bem Jéssica. Ele disse e entrou no banheiro.
Terminei de vestir Malu e a peguei pra que pudesemos descer.
-Eu vou dar almoço pra Malu tá. Gritei da porta do banheiro e não obtive resposta. O que será que aconteceu pra ele mudar assim de repente. Desci com Malu e a deixei sentada enquanto colocava sua comida.
-Eu quero só um pouquinho mamãe.
-Tá bom filha. Mas não vai comer nada de besteira hoje. A encarei e ela sacudiu a cabeça concordando.
-Mas a vovó vai poder fazer pudim pra mim de novo?
-Vai filha. Mas outro dia e se você comer tudinho. Depois de alimentar minha filha, a levei para o quarto e logo ela dormiu. Como não sabia o que tinha acontecido com Luan, preferi deixar ela no quarto de hospedes. Assim que ela dormiu fui atrás de Luan. Entrei no quarto e ele estava deitado encarando o teto.
-O que você tem? tava tão alegre e de repente ficou assim. 
-Porque as pessoas escondem as coisas de mim? Continuava encarando o teto.
-Tá falando de que? 
-Você também sabia né? Me olhou confuso.
-Sabia o que Luan?
-Dá Bruna e do Rafael?
-Como você soube?
-Eu vi os dois se beijando na hora que fui na varanda. Você sabia que eles estavam juntos?
-Sabia!
-E porque não me contou?
-Porque quem tem que te contar é ela, não eu.
-Ela não ia me conta Jéssica.
-Ela ia sim Luan.
-Não gosto que as pessoas me escondam as coisas. Ainda mais minha irmã.
-Porque será que ela isso?
-Não sei.
-Eu sei! Disse me deitando ao seu lado.
-Porque?
-Porque ela conhece o irmão que tem e sabe que você ia implicar.
-Você quer o que? Ela é uma pirralha querendo ser adulta.
-Pirralha Luan? Olha direito pra sua irmã.
-Eu olho e só vejo uma pirralha. 
-Sua irmã já é uma mulher Luan, só você não vê. Disse e ele bufou. -Não conhecia esse seu lado ciumento.
-Eu não sou ciumento.
-Imagina se fosse. Ri.
-Acha que eu devo falar com ela.
-Sem brigar e sem tentar implicar com esse namoro.
-Namoro? Ele se sentou espantado.
-Namoro sim Luan. Queria o que? Que o Rafael estivesse apenas se divertindo com a sua irmã? Pelo menos ele tá fazendo as coisas direito.
-Eu vou ter que aceitar né? É o jeito. Se jogou na cama ao meu lado. 
-E vê se não vai falar com ela como se ela fosse uma pirralha, por favor.
-Tá bom. Rolou na cama e se deitou por cima de mim. - A gente agora podia fazer umas coisas direito também né?

[...]

Luan viajou na quinta feira pra poder dar inicio a sua nova turnê, e como combinado, ele voltaria no domingo de madrugada. Era sexta feira e eu estava em casa num tédio total. Marcela me ligou avisando que estava vindo com Renan e que traria uma pizza. Como não estava afim de ficar de vela, liguei pra Bruna a convidando e como Rafael estava viajando pra fazer show ela aceitou na hora. Malu estava brincando na sala enquanto eu assistia um programa qualquer. A campainha tocou e eu corri para atender achando que fosse Marcela e Renan ou Bruna, mas me enganei.
-O que você está fazendo aqui?
-Oi pra você também. Não vai me convidar pra entrar? Guilherme perguntou já entrando em minha casa. 
-Fala logo o que você quer?
-Olha só como minha sobrinha está linda. Ele disse se abaixando e mexendo nos cabelos de Malu, ela se encolheu envergonhada.
-Se veio pedir dinheiro pode ir embora. Já disse que não vou te dar nem um centavo.
-Não quero seu dinheiro. Ele disse se levantando. -Na verdade, não preciso mais dele.
-Não precisa? Debochei. -Tempos atrás você veio aqui me pedir dinheiro pra salvar sua boate.
-Acontece que as coisas mudaram.
-Se não foi por dinheiro, fala logo por que veio. Já estava perdendo a paciência.
-Pelo visto você não se lembra que segunda feira é aniversário do velho?
-Alguém se lembra de mim?
-Bom, eu vim te avisar que ele vai comemorar no restaurante e seria legal que você fosse.
-Não sei se estou afim. Já deu seu recado?
-Você não vai deixar de ir não é?
-Vou pensar Guilherme. Não tenho muita paciência pras peguetezinhas do seu pai.
-É bom você já ficar sabendo. Ele está sim de peguete nova e acho que dessa vez ele se amarra. Se bem que com aquela até eu. Ele sorriu malicioso.
-Porque posso saber?
-Quando você a conhecer, vai entender. Posso avisar que você vai?
-Se me der na telha eu apareço. 
-E pode levar o cantorzinho com você.
-Já deu seu recado, agora tchau. Abri a porta pra que ele saísse e dei de cara com Marcela e Renan.
-Olha só quem está aqui. Ele encarou Marcela. -Tudo bem gatinha? Quanto tempo a gente não se vê. Saudades dos tempos em que a gente...
-Tchau Guilherme! Puxei Marcela e Rena pra dentro e fechei a porta na cara de Guilherme.
-Quem é esse cara? Renan perguntou nervoso.
-O idiota do meu irmão.
-E o que ele quis dizer...
-Esquece ele amor. Marcela o interrompeu, mas sabia que aquela conversa não acabaria assim.
-Renan coloca a pizza ali na mesinha. Marcela vem comigo pegas as coisas na cozinha.
-O que o Guilherme queria aqui? Marcela perguntou assim que ficamos sozinhas no outro comodo.
-Me avisar que segunda feira é aniversário do meu pai.
-Porra! Eu quase tive uma sincope. Minhas pernas travaram de um jeito que nem sei como consegui me manter de pé.
-Emoção de ver aquele idiota? A encarei.
-Claro que não! Só não imaginei que fosse encontrar ele aqui e muito menos que ele fosse falar aquelas coisas. Pensei que o Renan fosse partir pra cima dele.
-Ainda bem que não aconteceu nada disso. Pegamos tudo o que precisávamos na cozinha e voltamos pra sala. Bruna chegou em poucos minutos e demos inicio a comilança. Malu não parava um minuto sequer o que nos arrancava várias gargalhadas. Luan ligou e ficamos conversando por um tempo, avisei ele da festa do meu pai e ele disse que não se importava de me acompanhar caso eu decidisse ir. O pessoal foi embora já era tarde, Malu já estava dormindo, tomei meu banho e peguei no sono também.

[...]

-Tem certeza que quer ir nessa festa? Luan perguntava enquanto eu terminava de me maquiar.
-É melhor eu ir do que ter que ficar ouvindo o Guilherme e meu pai depois.
-Se não estiver se sentindo confortável a gente vem embora.
-Tudo bem. Sorri o olhando pelo espelhando. Ele já estava arrumado e já tinha ido deixar Malu na casa de sua mãe. Terminei de me maquiar e me vesti.
Luan tinha ido ao banheiro e quando voltou ficou me encarando.
-O que foi? Perguntei intrigada. -Tô feia?
-Muito pelo contrário, você está linda. Disse se aproximando de mim e me deu um selinho demorado. -A gente tem mesmo que ir pra essa festa? Queria matar a saudade. Fez bico.
-Depois que a gente voltar eu penso no seu caso. Lhe dei outro selinho e assim que terminei de me arrumar, descemos. Me certifiquei que estava tudo trancado e saímos.

[...]

-Fico feliz que tenha vindo. Meu pai disse ao me cumprimentar.
-Tive que vir ou sairia como a filha ingrata da história. Ele cumprimentou Luan e logo depois me apresentou sua "namorada".  Só então entendi o porque Guilherme ria feito um bobo alegre ao falar dela, a mulher mais parecia uma ninfeta de filme pornô.
-Muito prazer em te conhecer. Ela disse e demos as mãos. Seu pai fala muito de você. 
-imagino o que ele tenha muita historia pra contar ao meu respeito. Conversamos um tempo com o "casal"  e depois fomos pra outro canto do restaurante.
-Ela tem idade pra ser sua irmã não acha? Luan comentou assim que pegou uma bebida.
-Quem?
-A namorada do seu pai.
-As outras que ele teve não eram muito diferente dessa. Só o fato dela parecer atriz de filme pornô e não disfarçar quando olha pra você. Disse e ele teve um leve engasgo.
-Pra mim?
-E não pense que eu não vi você olhando pro decote dela. o encarei.
-Pelo amor de Deus né Jéssica, não tinha como não olhar. Os peitos dela estavam quase pulando pra fora da roupa. Ele tentava se justificar.
-Quer dizer que você estava mesmo olhando?
-Eu não estava olhando, mas não teve como não reparar. Ele disse e eu revirei os olhos. -Sabia que você fica ainda mais linda com ciumes. Ele me puxou pela cintura colando nossos corpos.
-Quem disse que estou com ciumes?
-Eu tô vendo.
Até que estava dando pra se divertir naquela festa, meu pai não tinha tempo pra ficar no meu pé, pois tinha que dar atenção para os convidados e Guilherme nem veio falar comigo, agradeci por isso. Vez ou outra o via no celular e parecia bastante nervoso. Estava voltando do banheiro quando ele esbarrou em mim
-Foi mal. Ele disse me encarando.
-Podia olhar por onde anda.
-Já disse que foi mal. Está gostando da festa?
-Até que tá legalzinha.
-E o que achou da sua nova madrasta?
-Parere uma atriz pornô. Confessei e ele gargalhou.
-Se está se divertindo, não vai embora tão cedo não é?
-Não sei. Mas porque está interessado na hora que vou embora?
-Por nada ué. Só perguntei por perguntar. O celular dele começou tocar e ele saiu de perto de mim pra atender. Voltei pra junto de Luan e continuamos aproveitando nosso tempo juntos.
-Antes de viajar eu vou procurar meu advogado e dar entrada no divórcio. Luan confessou.
-Prevejo o inicio da terceira guerra mundial. Zombei.
-Já demorei demais pra fazer isso. Quero ficar logo livre desse casamento.
-Você tem sido bem rude com a Lívia ultimamente. 
-Quem sabe assim ela se toca. 
-Acha que ela vai assinar esse divórcio de primeira?
-Acho que não. Mas ela tem que estar ciente que o advogado pode fazer três tentativas, se em nenhuma das três ela assinar, o juiz assina.
-Mas você também sabe que pro juiz assinar demora.
-Uns dois anos.
-Vamos esperar que ela assine.
-Seu irmão não falou com você? Luan mudou de assunto.
-Pouco, mas falou. Por falar nisso, ele sumiu.
-Deve ter se enrabichado com alguma dessas...
-Dessas o que? o encarei.
-Dessas mulheres ai ué. Ele riu. Já estava ficando entediada da festa e chamei Luan pra irmos embora. -Não vai se despedir do seu pai?
-Não precisa. Vamos.

[...]

Chegamos na minha casa e fomos direto para o quarto, Luan ficou assistindo alguma coisa e eu decidi ir tomar um banho.
-Posso ir com você? Ele pediu fazendo bico.
-Não! Depois você vai. Ri da cara dele e entrei no banheiro, estava tomando meu banho e ouvi Luan chamar do outro lado. -O que você quer Luan?
-Onde tá o carregador de seu celular? Deixei o meu em casa.
-Está na gaveta da mesinha do lado da cama. Respondi.
Terminei meu banho, passei meus cremes, coloquei minha lingerie, me enrolei no roupão e sai.
-Achou? Perguntei e Luan continuou sentado na cama de cabeça baixa. -O que aconteceu?
-O que isso aqui estava fazendo nas suas coisas? Ele perguntou aparentemente nervoso e eu me espantei ao ver o pacotinho com uma substancia branca em sua mão.


Será que é isso mesmo que está na mão de Luan? Será que vai dar ruim pro lado da Jéssica?