Liguei pro Erick e rapidamente ele atendeu.
-Oi passarinha. Podia imaginar seu sorriso.
-Oi passarinho. Queria falar comigo?
-É! Você não me ligou, como estão as coisas por ai?
-Tá tudo bem. Desculpa pela enxerida da minha filha.
-Ela disse que você estava ocupada.
-Mas não estava.
-Ela não gosta mesmo de mim né?
-Ela vai aprender gostar.
Estávamos numa conversa interessante quando Malu entrou no quarto.
-Mamãe, o papai tá te chamando.
-Diz que eu já vou Malu. Disse e ela saiu.
-O Luan tá ai? Erick perguntou desconfiado e eu gelei.
-Está! Respondi engasgada. -Ele veio fazer as pazes com a Malu.
-Só com a Malu?
-Só Erick. Para de ser besta. Ri fraco pra disfarçar o nervosismo.
-Tudo bem. Vai lá ver o que ele quer, depois a gente se fala.
-Erick para...Tarde demais, ele já havia desligado.
Guardei o celular negando e desci. -O que foi Luan?
-Você não disse que precisava fazer compras?
-Vou só me trocar. Subi novamente pro quarto, pensei em ligar novamente pro Erick mas ele deveria estar com a cabeça quente e acabaríamos brigando, coisa que eu não queria. Vasculhei minhas roupas e após encontrar algo que me agradasse, me vesti.
Passei uma maquiagem básica, vi se estava tudo na bolsa e antes de sair do quarto, Malu entrou.
-Mamãe?
-O que foi filha?
-Traz sorvete pra mim? pediu com a cara mais linda do mundo.
-Você anda muito atrevida, não sei se está merecendo.
-O que eu fiz mamãe?
-O que você fez? Atendeu meu telefone sem minha ordem.
-Desculpa. Mas tava tocando. Ela disse triste.
-Me chamasse que eu atendia.
-Eu não atendo mais tá bom?
-Pode atender, mas seja educada pelo menos.
-Eu só disse que você tava ocupada. E ele é chato.
-Maria Luiza. Repreendi e ela riu.
-Desculpa mamãe?
-Tudo bem. A peguei no colo e lhe beijei.
-Você tá linda. Alisou meu rosto.
-Não vem querer me comprar não sua cínica. Peguei a bolsa e descemos.
-Papai, papai. Malu gritava por ele que estava na sala assistindo algo na tv.
-O que foi filha? A coloquei no chão e ela correu para o pai.
-A mamãe não tá linda? Perguntou e ele tirou os olhos da tv, se virando pra mim.
-Nossa! Ficou de boca aberta me olhando.
-Não tá papai?
-Tá! Linda demais.
-Viu mamãe? O papai também acha que você tá linda.
-Obrigada! Mas agora eu tenho que ir. Comportem-se vocês. Dei um beijo em Malu e sai em seguida.
Comprei tudo o que precisava e quando já estava no caixa, avistei algo que poderia me ajudar muito, coloquei junto no carrinho e depois de pagar as compras voltei pra casa.
Cheguei e os dois estavam assistindo filme na sala. Ao me ver Malu correu em minha direção e Luan também levantou.
-Deixa eu te ajudar. Pegou as sacolas da minha mão.
-Obrigada! Agradeci e fomos pra cozinha.
-Você comprou meu sorvete? Malu perguntou vasculhando nas sacolas.
-Comprei, mas a senhorita só vai comer depois do jantar.
-Mas o jantar vai demorar. Reclamou.
-E você vai esperar. Disse e ela saiu batendo o pé. -Não vai atras dela? Encarei Luan.
-Eu não. ele riu.
-Pensei que fosse. Não para de bajular a menina desde que fizeram as pazes.
-Estava tentando me redimir.
-E pelo jeito conseguiu né?
-Eu sempre consigo o que eu quero. Me encarou. -As vezes demora um pouco, mas eu consigo. Fingi que não entendi que ele se referia a mim e continuei guardando as coisas. -Vamos sair pra jantar hoje?
-Tinha outros planos pra hoje.
-Sério? O que?
-Fazer o jantar. Dei de ombros.
-Fala sério Jéssica. Ele ria.
-Eu tô falando sério. Comprei umas revistas de culinária no mercado. Vou tentar.
-Tenho dó da minha filha.
-Jura? Porque eu estava considerando seu convite pra jantar, e pensei em convidar você pra jantar com a gente. O encarei.
-Pensou?
-Malu, o papai vai jantar com a gente hoje. Gritei da cozinha e vi ele me fuzilar. -Pensou que ia escapar? gargalhei.
-Eu aceito se você me deixar te ajudar?
-Eu na cozinha já será um desastre, imagina nós dois.
-A gente tenta, se não der certo, a gente sai pra jantar fora?
-Ok! Acabei aceitando a proposta de Luan, e estava rezando pra não me arrepender daquilo.
-Ali Luan. Apontei o armário onde estava a fôrma. Estávamos tentando fazer um arroz de forno.
-Tem certeza que é assim?
-É o que está escrito aqui. Dei de ombros. -Agora é só esperar.
-E rezar pra que de certo. Gargalhou. Depois que assistimos um filme com Malu, viemos cuidar do jantar, e pra falar a verdade, estava muito divertido, a não ser pela sujeira. Quem visse de fora, diria que éramos um casal feliz.
-Eu vou tomar um banho. Disse. Subi pro quarto e tomei um banho não muito demorado, desci a escada correndo quando senti cheiro de queimado. -LUAN! Gritei e num piscar de olhos ele estava na minha frente.
-O que foi?
-Porque você não ficou de olho aqui?
-Ué, você não pediu.
-Não acredito. Tava indo tudo tão bem. Bufei derrotada.
-Partiu plano B? Sugeriu me encarando.
-Fazer o que né? Choraminguei. -Pode arrumar a Malu pra eu me trocar?
-Vai lá. Sai da cozinha indignada com tudo aquilo, será que nunca vou conseguir fazer nada certo na cozinha?
Procurei uma roupa e me vesti.
Fiz make marcando os olhos e quando terminei fui pro quarto de Malu ver como eles estavam.
-Já tá pronta filha? Perguntei entrando.
-Já mamãe. Sorriu. -Só vou passar perfume. Correu até o closet.
-O que foi? Perguntei vendo que Luan estava me olhando em silencio.
-Como você consegue? Riu fraco,
-O que? Perguntei sem entender.
-Ficar cada dia mais linda. esses dias com vocês tem sido tão bom pra mim. Vi verdade em seus olhos. -Poder sair assim pra jantar com vocês duas, a tarde divertida que tivemos hoje, a tentativa fracassada de fazer um jantar descente. Sorriu. -É tudo o que eu quero pra mi,.
-Queimar arroz de forno é a sua visão de futuro? Ri tentando fugir de seus olhos.
-Desde que você e nossa filha estejam comigo. Sim, é a minha visão de futuro. Graças a Deus Malu saiu do closet, interrompendo aquele momento. O celular do Luan apitou no bolso e depois de ler a mensagem avisou: -O motorista chegou. Vamos? Estendeu a mão pra Malu e seguimos pro restaurante.
-Não vai dar problema, você aqui sem segurança? Perguntei assim que sai do carro.
-Fica tranquila, qualquer coisa tem o segurança do restaurante. Concordei mais tranquila e entramos.. Confesso que mesmo não estando muito relaxada com tudo isso, consegui disfarçar e ter um jantar tranquilo com minha filha. Por mais que Luan tivesse me magoado, por mais que o que ele tenha feito não tenha desculpas, ele estava conseguindo me mostrar que estava disposto a mudar. Ou eu só estava me deixando levar pelo momento. Malu estava visivelmente feliz com tudo aquilo e por um momento pensei como seria maravilhoso pra ela ter os pais juntos outra vez.
Terminamos o jantar e voltamos pra casa. Malu dormiu no caminho e assim que chegamos, Luan a pegou no colo e entrou com ela. Fechei a porta e fui até a cozinha beber água. Deixei o copo na pia e subi. Ia entrar no quarto de Malu e assim que abri a porta, esbarrei em Luan, que por impulso me segurou pela cintura. -Desculpa! Ele disse olhando nos meu olhos.
-Não foi nada! Disse devolvendo o olhar e ele mantinha as mãos em minha cintura. Você tirou os sapatos dela? Perguntei e vi seus olhos mudarem de direção, indo pra minha boca.
-Tirei. Sussurrou.
-É...eu preciso...Eu tenho que trocar a roupa dela.
-Cla...claro. Eu já vou indo então. Me soltou.
-Espera que eu te levo até a porta. Pedi e ele concordou saindo do quarto. Coloquei um pijama em Malu, fazendo o máximo pra que ela não acordasse. Senti-lo tão próximo de mim, trouxe de volta todos os sentimentos que eu tentava repreender dentro de mim. Esquece-lo era o que eu queria, conseguir é que estava sendo difícil. Dei um beijo em minha filha e desci. Ele estava sentado no sofá com as mãos entre os cabelos, o que demonstrava que ele estava nervoso. Assim que viu descendo, se levantou.
-Vocês voltam pra São Paulo quando?
-Acho que daqui uns 10 dias.
-Tudo isso?
-A Malu está de férias.
-Posso aparecer quando der? Me encarou. -Pra ver a Malu! Justificou.
-Avisa antes.
-Conheço as regras. Brincou. -Eu vou indo então.
-Viaja amanhã mesmo?
-A tarde. Se der tempo passo aqui pra me despedir da Malu, se não der eu ligo.
Caminhou até a porta e eu a abri.
-Obrigada!
-Pelo que?
-Por tudo! A malu estava tão tristinha longe de você.
-Eu que tenho que pedir desculpa por ter magoado ela.
-Ela já te desculpou. Ri.
-Só falta você. Se aproximou de mim e eu dei um passo pra traz.
-Luan...
-Ok! Não vou forçar a barra com você. Só por hoje.
-Idiota! Ao nos despedir, ele saiu deixando um beijo no canto de minha boca. Fechei a porta feito uma boba e subi pro meu quarto.
...
Os 10 dias se arrastaram, Luan não teve folga pra poder ir nos visitar mas ligou todos os dias pra falar com Malu, já Erick, não me ligou nenhuma vez as duas vezes que liguei ele não me atendeu.
Bruna havia ligado avisando que Mari estava nos convidando pra almoçar e como Malu reclamava de saudade dos avós e da tia, aceitei, combinamos que Bruna nos buscaria no aeroporto. Terminei de fechar a ultima mala e assim que o taxi chegou, partimos.
Desembarcamos em São Paulo e pra minha surpresa, quem estava nos esperando era Luan.
-Papai! malu saiu correndo ao encontro dele, que a pegou no colo.
-Oi minha princesa.
-Cadê a Bruna? Perguntei.
-Oi pra você também.Ele me encarou. -Ela teve que resolver umas coisas de ultima hora e pediu pra eu vir buscar vocês.
-Então você pode me deixar em casa e levar a Malu pra ver sua mãe. Pedi.
-Você não vai?
-Não!
-Mas minha mãe está esperando vocês pro almoço. Bufei.
-Eu tinha esquecido.
-Então?
-Então vamos né? Luan colocou as malas no carro, Malu na cadeirinha e seguimos par sua casa.
Fomos muito bem recebidas por Mari, o que já era de se esperar. Luan subiu pro quarto e enquanto eu conversava com mari, Malu brincava com Puff.
-Mamãe, posso brincar lá fora?
-Cuidado com a piscina.
-Tá. Ela pegou o cachorrinho e saiu com ele no colo.
-Vou ver a carne que está no forno, vem comigo? Mari chamou se levantando.
-Vou só tentar fazer uma ligação aqui e já vou. Sorri simpática e ela saiu. Disquei o numero de Erick mais uma vez e nada, então mandei uma mensagem.
Sei que está me evitando, mas queria que soubesse que já estou em São Paulo.
Enviei a mensagem e mais uma vez tentei ligar. Nada!
-Droga! Reclamei.
-Algum problema? Luan perguntou descendo as escadas.
-Não! Sorri fraco.
-Cadê a Malu?
-Lá fora com o Puff.
Bruna e Amarildo chegaram em casa e assim almoçamos todos juntos. Malu, como de costume e por estar cansada da viagem, acabou pegando no sono em seguida.
-Vou chamar um taxi. Disse abrindo a bolsa.
-Pra que? Luan perguntou.
-Pra ir pra minha casa ué.
-Eu levo você.
-A Malu também.
-Deixa ela aqui. Eu só viajo na quinta.
-Ela tem aula amanhã.
-Eu levo ela.
-Tem certeza?
-Claro Jéssica. Revirou os olhos.
-Então tem que pegar as coisas dela.
-Eu te levo e já pego.
Me despedi da família de Luan e seguimos pra minha casa, assim que ele estacionou frente, vi que tinha outro carro parado ali na frente.
Desci do carro e percebi que era o Erick.
Ferrou? Esses dois sei não viu.