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Ele continuava me fuzilando e eu apenas o olhava.
-Responde garota?
-Eu acho que aqui não é lugar pra gente conversar, sua família tá toda lá fora.
-Ok! E quando a gente pode conversar? Ou você vai sumir de novo?
-Quando você quiser. E eu não vou sumir, vim pra ficar.
-Me encontra hoje a noite no meu apartamento.
-Me dá o endereço.
-A Marcela sabe onde é. 
-Que horas?
-As 20 hrs.
Ele disse destrancando a porta e saindo, eu fiquei mais um tempinho e depois sai também. Ficamos a tarde inteira na casa de Bruna e agradeci por ele e a esposa terem ido embora depois daquele inicio de discussão que tivemos no banheiro.
-Obrigada pela recepção Bru, a tarde foi ótima. Agradeci me despedindo.
-Eu que agradeço pela visita de você. Venham mais vezes.
Nos despedimos dela e de seus pais e fomos embora.
-Você ficou diferente depois que voltou do banheiro. Marcela comentou enquanto dirigia.
-Porque só está comentando isso agora?
-Porque não tive oportunidade antes. O que aconteceu?
-O Luan veio veio falar comigo.
-Falar o que? Como vocês conversaram sem ninguém ver?
-Ele se trancou comigo no banheiro.
-Em outros tempo você aproveitaria essa situação.
-Marcela cala a boca que o assunto é sério.
-Desculpa. Mas o que vocês conversam?
-Não deu pra conversar né? Mas ele sabe que sou eu.
-Ele sabe que você é a mãe da Malu?
-Sabe! Como você disse, ele deve ter ligado os pontos.
-E ai?
-E ai que ele me pediu pra encontrar com ele no apartamento dele mais tarde.
-E você vai?
-Nós vamos!
-Nós? Me olhou rapidamente.
-Eu não sei onde é o apartamento dele, você tem que me levar.
Depois de convencer Marcela a me levar no apartamento de Luan, ela me deixou em casa e se foi. Arrumei umas coisas no meu quarto e depois de tomar um banho me vesti.

Liguei pra Marcela e ela logo veio me buscar.

[...]

Chegamos no prédio e nossa entrada já estava liberada.
-Vamos? Chamei Marcela que continuava parada no mesmo lugar.
-Vocês precisam conversar sozinhos. Ela disse sorrindo. -Eu vou esperar aqui.
Deixei Marcela me esperando e subi lembrando vagamente da noite que estive ali. Sai do elevador e assim que achei o número 45, toquei a campainha e ele logo atendeu.
-Pensei que não viria. Ele disse parado na minha frente.
-Depois de ter esperado tanto por esse momento? Neguei com a cabeça.
-Entra! Ele me deu passagem e eu entrei. -Quer beber alguma coisa? 
-Pode ser. Disse o olhando.
-Água ou cerveja? Me olhou meio torto. -Sabe como é apartamento de homem né? Não dá pra te oferecer um suco. Disse entortando o lábio.
-Pode ser um água. 
-Eu vou buscar. Senta ai, fica a vontade. Ele disse e foi para o outro cômodo. Me sentei e fiquei olhando ao redor das coisas. -Aqui! Ele me entregou um copo com água e se sentou ao meu lado segurando uma garrafinha de cerveja.
-Então? Vai me explicar porque abandou soa filha e sumiu? Ele me olhou.
-Eu não abandonei minha filha. Eu a deixei com o pai dela pra resolver uns problemas.
-E será que agora eu vou poder saber que problemas são esses?
-Foi pra isso que eu vim aqui. Esclarecer de uma vez essas coisas. Disse e ele fez sinal que eu prosseguisse e assim contei a ele toda a história, desde como eu era antes da Malu, até a internação. 
-Nossa! Quanta coisa você passou.
-Por isso que eu digo que não abandonei minha filha. Porque eu sei o que é ser abandonada pela mãe. Eu sei o que é ir dormir numa noite com os afagos de uma mãe em meus cabelos e no dia seguinte acordar e depois de procurar por ela descobrir que ela foi embora porque cansou. Eu não abandonei a Malu, eu precisava aprender cuidar de mim pra poder cuidar dela.
-Me desculpa...me olhou e depois pra garrafa em sua mão. -Por isso, eu não sabia.
-Não tem problema. Se eu não pudesse me controlar diante disso, ainda não teria saído da clinica.
-Acha que já está pronta pra ficar com a Malu?
-Estou! Afirmei lhe olhando firmemente e ele pareceu preocupado. -Eu disse que voltaria pra buscar minha filha, e eu voltei.
-O problema é que a gente se apega sabia? É difícil, depois de todo esse tempo ter que me afastar dela.
-Você nem deve ficar tanto tempo assim com ela, com tantos shows que tem pra fazer.
-Tenho o tempo suficiente pra ficar com ela sim, e a Lívia? Como vou fazer pra afastar as duas desse jeito?
-Eu sou a mãe da Malu e é melhor se afastar agora antes que ela confunda as coisas. O que era pra ser uma conversa civilizada já estava virando uma discussão.
-Eu não quero brigar Jéssica. Temos que resolver isso da melhor forma.
-A melhor forma pra mim é ter minha filha de volta. Disse o encarando.
-Ok! Me dá só um tempinho?
-Tempinho? Não tem essa de tempinho Luan. Fiquei nervosa.
-Eu preciso conversar com minha família, com a Lívia. Não é fácil assim.
-Você sempre soube que quando eu voltasse a pegar a Malu de volta.
-Eu sei! Mas não é tão simples como eu pensei que seria. Só uns dias?
-Quantos dias?
-Eu volto fazer show daqui dois dias. Eu converso com minha família e com a Lívia amanhã e na quarta te procuro. Pode ser?
-Tudo bem. Suspirei derrotada.
Depois de tudo esclarecido, nos despedimos e eu voltei para o carro de Marcela.
-E ai? Ela perguntou assim que entrei e fechei a porta.
-Ele pediu um tempo pra poder falar com a família. 
-E de quanto é esse tempo?
-Até quarta. 
-Deve mesmo ser difícil se afastar dela assim de repente né?
-Ele sempre soube que eu voltaria pra buscar a Malu. Disse e ela deu de ombros e deu partida com o carro.

[...]

No dia seguinte acordei morrendo de cólica e depois de tomar um banho, apaguei a luz e voltei pra cama. Pretendia ficar ali o dia inteiro, mas meus planos foram interrompidos por Marcela entrando porta a dentro já dando seus berros.
-ACORDA! Se jogou em cima de mim.
-Por favor Marcela, hoje não. Disse baixo.
-O que aconteceu? Saiu de cima de mim e se sentou ao meu lado.
-Cólica! Resmunguei.
-Então levanta e vamos lá cozinha. Pelo cheirinho a Rose está fazendo aquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate que a gente adora, ai você aproveita e toma um chá.
-Quem está fazendo o bolo? Perguntei.
-A Rose né Jéssica.
-Quem é essa?
-Como quem é essa? A mulher trabalha aqui na sua casa a uns 100 anos e você não sabe o nome dela?
-Rose é o nome da empregada? perguntei e ela apenas me olhou como se fosse o óbvio. -Não fazia ideia que esse fosse o nome dela.
-Então vamos descer né? 
-Porque será que eu tenho a leve impressão de que você só vem aqui por causa da comida?
-Nossa, magoei agora. Ela fez cara de triste e se levantou. -Mas o que eu posso fazer se seu pai é um ótimo chefe de cozinha e tem os melhores profissionais trabalhando com ele? Agora anda logo e levanta dai.
-Idiota! Disse me levantando. Peguei meu celular e desci acompanhando Marcela e como ela disse, o cheirinho de bolo de cenoura tomava conta do lugar.
-Bom dia Rose. Disse me sentando e tanto ela quanto marcela ficaram me olhando. -Faz um chá de camomila pra mim por favor. Pedi ignorando a indignação das duas.
Tomamos nosso café e depois fomos pra sala.
-O que vamos fazer hoje? Marcela perguntou.
-Eu vou ligar pra Bruna.
-Pra que?
-Preciso falar com ela antes que o Luan fale. Preciso contar a minha versão da história primeiro.
-Como acha que ela vai reagir?
-Não tenho ideia. Mas ela precisa saber que eu não me aproximei dela por conta da Malu.
Liguei pra Bruna a convidando pra vir aqui em casa e em menos de uma hora ela apareceu.
-Eu tenho que resolver umas coisas. Depois a gente se vê. Marcela disse e saiu.
-O que quer falar comigo Jéh? Ela perguntou sentada no sofá ao meu lado.
-Bruna, eu preciso te contar uma coisa e eu queria do fundo do meu coração que você me entendesse.
-Você tá me assustando Jéssica.
-Antes da gente se conhecer eu passei por coisas horríveis na minha vida, na verdade, eu era uma pessoa horrível. Se fosse naqueles tempos, eu nem acharia que fosse uma boa companhia pra você.
-Como assim Jéssica?
-Eu fazia muita coisa errada, não me importava com nada nem ninguém. Bebia e usava drogas sem me importar com as consequências, ia pra cama com qualquer um.
-E o que nossa amizade tem com isso?
-Como eu disse, fiz muita coisa errada, muita loucura. E numa dessas noites eu acabei engravidando. 
-Cadê essa criança? O que você fez?
-Por conta das minhas loucuras, eu precisava fazer alguma coisa. Nunca pensei em fazer mal algum a essa criança e pra que isso não acontecesse eu precisei passar um tempo numa clinica de reabilitação.
-Você teve essa criança?
-Tive! E pra dar continuidade em meu tratamento eu tive que deixar ela com o pai. Disse e como se ela tivesse levado um choque, parece ter se tocado onde eu queria chegar.
-Você...?
-Bruna, eu não sabia quem você era, pra falar a verdade eu não sabia nem quem era seu irmão. Na noite que tudo aconteceu eu estava muito louca, tinha bebido muito e ela também, só me dei conta de quem ele era no dia seguinte quando eu acordei.
-Mas...Ela disse se levantando.
-Bruna acredita em mim. Eu não sabia que você você era irmã dele.
-Você é a mãe da Malu? Você sumiu esse tempo todo e agora aparece assim?
-Eu precisei Bruna! Eu tinha que me tratar.
-Eu preciso ir embora. Ela pegou sua bolsa no sofá.
-Bruna por favor? Acredita em mim? A olhei implorando que me desculpasse e ela se foi sem falar nada.
Os dias que se passaram até chegar quarta feira pareciam uma eternidade, não apareci na escola de teatro, não suportaria ver a Bruna com raiva de mim. Enfim a quarta feira chegou e como combinado, Luan me ligou pedindo que fosse em seu apartamento. Me arrumei, peguei minhas coisas e fui, já sabia o caminho então não tive que ocupar Marcela com isso. Cheguei e minha entrada foi liberada de imediato.

-Entra! Ele disse assim que abriu a porta.
-Cadê minha filha?
-Jéssica...
-Luan, eu quero a minha filha. Disse nervosa.
-Eu conversei com minha família, com minha mulher eu acho que a Malu ficaria melhor com a gente.
-Você acha Luan? Pelo amor de Deus fala sério. Sua família não quer que ela fique comigo por eu ser...
-Eu não contei nada disse pra eles.
-Não contou?
-Não! Se tivesse contado ai sim não teria conversa.
-E porque chegou a conclusão de que a malu está melhor com vocês?
-Ela está bem onde está.
-Ela vai ficar melhor ao lado da mãe. Não tem conversa Luan, eu quero minha filha comigo. Hoje! Enfatizei.
-Jéssica...
-Não insiste Luan. Eu quero a minha filha. Não tem cabimento ela crescer ao lado de outra mulher que não seja eu. Não quero de forma alguma que ela cresça e aprenda a chamar outra mulher de mãe. Eu sou a mãe dela Luan, não a sua esposa.
-Você tem certeza?
-Como nunca tive em toda a minha vida. Disse convicta e ele suspirou se rendendo.
-Ok! Me dá seu endereço e eu levo ela ainda hoje na sua casa.
-Como posso saber que não vai me enrolar?
-Você vai ter que acreditar em mim. Eu te dou minha palavra, vou em casa agora arrumar as coisas dela e em seguida vou pra sua casa. Concordei e passei meu endereço pra ele. Voei pra casa e fui organizar umas coisas. Já tinha o berço e algumas coisas da Malu no meu quarto mesmo, não quis preparar um quartinho pra ela porque pretendo usar o dinheiro que minha avó me deixou pra comprar uma casa pra mim.
Estava ansiosa e com medo dele não cumprir com o que disse. Como eu pude ser tão ingenua de acreditar em alguém que eu não conheço. Já passava das 16hrs e meu desespero só aumentava até que a campainha tocou e eu corri pra atender.
-Graças a Deus. Disse assim que o vi parado em minha frente com minha filha em seu colo.
-Eu disse que podia confiar em mim. Posso entrar? Não posso ficar muito tempo...
-Claro! Lhe dei espaço e ele entrou. -Não quero tumulto na minha porta. Peguei Malu de seu colo e a emoção tomou conta de mim imediatamente. -Eu tava com tanta saudade de você meu amor. Disse alisando seu rostinho de boneca.
-A gente precisa resolver algumas questões. Ele disse me olhando e eu me sentei.
-Pode falar. O encarei.
-Quando eu vou poder ver ou ficar com minha filha?
-Quando você quiser. Não vou e proibir de conviver com ela só não queria que ela crescesse longe de mim.
-Então quando eu voltar posso vir aqui pegar ela?
-Quando você volta?
-Segunda e viajo quarta ou quinta. Não posso garantir que vou poder ficar com ela nos finais de semana porque é quando eu mais faço shows. 
-Tudo bem. Segunda se quiser pode vir.
-Vou poder levar ela pra minha casa?
-Não sei!
-Por favor Jéssica? Já vou ficar pouco tempo com ela.
-Tudo bem Luan. Pode! Disse e ele sorriu agradecendo.
-Bom, eu tenho que ir, embarco daqui a pouco. Qualquer coisa que a Malu precisar pode me ligar.
-Vai ficar tudo bem. Disse e ele se levantou. Abri a porta pra ele e ele saiu. -Luan? Chamei antes que ele entrasse no carro e ele virou me olhando. -Porque não disse pra sua família o fato de eu ter usado drogas?
-Não achei que eles precisassem saber. Disse e em seguida entrou em seu carro e sumiu de minhas vistas.


Demorei mas apareci, acho que o capitulo ficou pequeno mas é que eu tive que escrever muito rápido. Meu irmão vai levar o note pro concerto, ele está muito lento e travando toda hora não dá pra ficar com ele assim. Não sei quanto tempo vai demorar mas enquanto isso vou tentando escrever num caderno, ai quando voltar já posto. Será que a Bruna vai desculpar a Jéssica? E como vai ser daqui pra frente? Alguém tem alguma sugestão? Só posso dizer uma coisa: MIL TRETAS MANO! kkkkkkk