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Segui o carro de Marcela até ela parar em frente uma casa.
-Quem será que mora aqui? Perguntei olhando ela descer e Rober olhava ao redor.
-Acho que aqui não é bem uma casa. Comentou.
-E o que é então? Perguntei e ele apontou um letreiro na entrada da casa. -Uma clinica de reabilitação pra dependentes químico. Me assustei.
-Será que a mãe da Malu tá ai? Rober perguntou confuso.
-Será? Não pode ser cara. Indaguei. -Dependente química?
-É cara. Na noite tem de tudo.
-Eu não acredito. Disse passando as mãos no cabelo em sinal de desespero. -Eu vou lá. Abri a porta do carro e sai, Rober saiu em seguida.
-E vai falar o que cara?
-Porra Roberval, se não vai ajudar, também não me atrapalha né?
-Eu vou lá na recepção ver se eu consigo que você veja ela. Rober disse saindo do carro. -Jéssica né? Perguntou e eu afirmei. Fiquei ali no carro olhando ele se afastar e entrar na clinica, rezando pra que ele conseguisse que eu entrasse, e principalmente pra que a pessoa que estivesse internada aqui, não seja a mãe da Malu, seria terrível descobrir que a mãe da minha filha é uma dependente química, sem contar que minha família não iria gostar nada, nada de saber disso. Acordei dos meus pensamentos quando vi Rober voltando.
-E ai? Perguntei assim que ele entrou.
-Sem chance. Tem que ter nome na lista de visitantes.
-Puta que pariu. Reclamei batendo a cabeça no volante.
-A gente não tem mas nada pra fazer aqui, então vamos embora né? Sugeriu.
-Acho melhor esperar a Marcela sair.
-Nada disso. Você tem compromisso daqui a pouco e se você atrasar a Arleyde me mata. Me dei por vencido e segui para o escritório. Resolvemos o que tinha que resolver ali e fui pra casa me arrumar, ainda tinha que gravar um programa. Cheguei e encontrei Lívia cuidando de Malu na sala.
-Oi amor. Ela disse me olhando. -Pensei que fosse chegar mais cedo da reunião. Disse assim que lhe dei um selinho.
-Tive que resolver outras coisas depois. Dei um beijo no topo da cabeça de minha filha.
-Que bom que chegou antes do jantar. Sua mãe nos convidou pra ir jantar lá.
-Eu não posso ir, tenho que gravar um programa ainda hoje. Só vim tomar um banho e comer alguma coisa. Disse e pude ver ela se entristecer.
-Tudo bem então. Eu vou com a Malu. Lívia disse e eu subi para o quarto. -Vou pedir pra Sueli preparar alguma coisa pra você comer antes de sair. Ela disse entrando logo atrás de mim com Malu no colo.
-Tá bom. Disse e entrei no banho.

3 meses depois... Na clinica.

-Terminei. Disse fechando a última mala.
-Então vamos né? 
Eu e Marcela saímos da clinica em direção a minha casa.
-Tem certeza que não quer ficar na casa que sua avó deixou pra você? Ela perguntou no caminho.
-Tenho. Não vou conseguir ficar lá.
Seguimos para casa e Marcela me fez rir o caminho todo.
Chegamos e fomos direto pro meu quarto.
-Não sei como meu pai não se desfez das minhas coisas. Disse olhando tudo no mesmo lugar.
-Ele devia saber que um dia você voltaria. Marcela colocou as malas num canto.
-E devia rezar pra que esse dia não chegasse nunca. 
-Porque você insiste que seu pai não gosta de você?
-É uma pergunta um tanto idiota né Marcela? Tá na cara que ele não gosta de mim. Deve se lembrar da outra lá toda vez que me vê.
-Eu pensei que você fosse voltar menos amarga.
-Eu me internei pra poder me libertar de umas coisas e cuidar da minha filha e não pra esquecer o que fizeram comigo.
-E o que vai fazer agora?
-Você vai ligar pra ele e marcar um encontro.
-Vai pegar a Malu?
-Foi o combinado não foi?
Marcela ligou mas só dava na caixa postal, insistiu o dia inteiro e não tivemos resposta.

2 semanas haviam se passado desde o dia em que sai da clinica e eu precisava dar um rumo a minha vida. Fui até a escola de teatro e refiz minha matricula. Precisava ocupar minha cabeça e o teatro era perfeito pra isso. 
-Bora sair hoje a noite? Marcela sugeriu enquanto me acompanhava até a livraria.
-Não estou com clima pra sair Mah. Preciso ter minha filha de volta, ou então tudo o que eu fiz vai ter sido em vão.
-Você não fez nada em vão Jéssica e da mesma forma que você fez isso por, você fez isso pra você também. Se não tivesse se internado, onde acha que estaria agora?
-Morta talvez. Disse num sussurro.
-Ou presa, sabe-se lá.
-Não importa. Eu estou aqui e quero minha filha. Porque aquele filho da puta foi trocar de numero? E porque não pegou o endereço dele?
-Não pensei que fosse precisar. 
-Pensou errado. Disse. Compramos os livros que precisaria para as aulas de teatro e fomos pra minha casa.
-Vai ou não vai sair com a gente hoje a noite? Marcela perguntou se jogando em minha cama.
-Não sei se é uma boa ideia. Noite, bebidas e outras coisas. Fiz careta.
-Você nunca vai saber se está realmente livre disso se não enfrentar todas essas coisas.
-Será que eu consigo?
-Tenta! Prometo que vou ficar do seu lado caso se sinta tentada.
-Ok! Venceu! Eu vou.

Chegou a hora de nos arrumar e Marcela foi pra sua casa. Tomei meu banho pensando se deveria realmente sair com o pessoal. Por mais que me sentisse segura, ainda não havia me testado a tal ponto e ir para uma boate depois de tanto tempo era um pouco medonho.
Terminei meu banho e me vesti.

Assim que terminei, desci e Marcela já me esperava na sala conversando com o mala do Guilherme.
-Podemos ir. Disse.
-Já vai causar? O tosco comentou.
-Dá pra parar de me encher. O fuzilei e Marcela levantou.
-Vamos logo né? O Léo já tá esperando a gente. Ela disse nós saímos.

Chegamos na boate e aquele ambiente me causou uns arrepios. Não estava me sentindo totalmente bem, mas com o tempo, Marcela e Léo foram me deixando a vontade. 
-Quer beber alguma coisa? Léo perguntou e eu relutava com aquela pergunta.
-Um refrigerante. Disse convicta e Marcela me acompanhou no pedido. Léo foi buscar e nós ficamos na pista dançando.
-Tá se saindo bem. Marcela comentou alto em meu ouvido por conta do barulho.
-Tô tentando não me deixar ser vencida.
-Você consegue amiga. Léo chegou com nossas bebidas e nós continuamos nos divertindo.
-Eu vou no banheiro. Disse.
-Quer que eu vá com você? Marcela perguntou.
-Não precisa amiga, eu tô bem. Disse e sai. Fiz o que tinha que fazer e assim que sai do banheiro dei de cara com alguém que pretendia não encontrar tão cedo, ou nunca mais.
-Olha só. Quem é vivo sempre aparece. Davi disse se aproximando.
-Oi. O cumprimentei seca.
-Quanto tempo, senti falta da minha cliente mais fiel.
-Eu passei um tempo fora.
-E o que vai querer hoje? Tenho uma aqui da boa. Você vai adorar. Ele disse tirando uma coisa do bolso.
-Desculpa ai, mais eu não tô afim.
-Como assim? Ele riu debochado e os caras que estavam com ele riam também. -Você nunca recusou.
-Estou recusando agora Davi. Me deixa ir por favor?
-Tem certeza que não vai querer? É muito boa mesmo. Ele insistia e a vontade de pegar aquilo que ele me oferecia e sair correndo dali era enorme. Minhas mãos suavam, minha boca já estava ficando seca e eu não sabia mais o que fazer. -Então?
-Eu...
-Ela já disse que não quer não foi? Léo apareceu atrás de mim me impedindo de fazer uma besteira. -Vamos! Ele saiu me puxando pela pista até chegar onde Marcela estava. -Você ia mesmo aceitar o que aquele cara estava te oferecendo? Ele me encarava assim como Marcela.
-Eu não sei tá. Eu disse que não devia ter saído.
-Jéssica para ok. Você tem que ser forte, passou esse tempo todo longe dessas coisas, já devia ter percebido que pode muito bem viver sem isso. Marcela me dava bronca. Esquecemos quele assunto e voltamos nos divertir, sem nenhum dos dois sair da minha cola a noite toda claro.
A noite estava ótima, mas eu não estava na minha melhor forma e chamei o pessoal pra ir embora, coisa que eu nunca fiz. Léo me deixou em casa e foi embora com Marcela.

Os dias se passaram e eu ainda tentava algum contato com aquele filho da mãe, mas nada. Cheguei a ir no endereço do seu escritório mais não consegui nenhuma informação, claro, só o que descobri é que ele estava em turnê fora de São Paulo. AS aulas de teatro estavam me fazendo muito bem e eu nem sentia falta da bebida e das drogas. Estávamos ensaiando uma peça muito interessante e o elenco era muito bacana. Marcela contracenava na mesma peça que eu e acabamos conhecendo uma garota muito legal.
-A gente podia ir no cinema hoje a noite. Bruna disse enquanto comíamos alguma coisa na lanchonete da escola.
-Faz tempo que não vou ao cinema. Marcela comentou. -Topa Jéh? Ela perguntou me olhando assim como Bruna.
-Bora! Disse.
Marcela passou o dia comigo e como já era de se esperar, não parou de falar no idiota do Guilherme.
-Quando é que você vai desencanar desse babaca?
-Poxa Jéssica. Seria pedir demais você me dar uma forcinha de vez em quando?
-Eu não acho que o Guilherme seja o cara pra você Marcela. Quantas vezes eu tenho que te dizer que ele é um galinha, safado.
-Valeu ai pelo apoio. Ela resmungou.
-Eu só não quero te ver sofrendo ai por esse babaca que não te merece.
-Ok! Mas e você? Quando é que vai desencalhar e arrumar um namorado?
-Quem disse que estou procurando namorado? 
-Faz tempo né amiga. Acho que até já se esqueceu como é que se faz. Ela gargalhou.
-Deixa de ser idiota e vamos logo terminar com isso. Esqueceu que vamos no cinema com a Bruna? Joguei um travesseiro nela e voltamos estudar. Por volta das 19 hrs, Marcela foi pra casa e depois de jantar eu fui me arrumar, tomei um banho e me vesti.

Peguei Marcela em casa e encontramos com Bruna no cinema.

O filme era um drama e eu até que estava gostando. Assim que o filme terminou, fomos dar uma volta pelo shopping. Bruna era uma garota muito divertida e nos fazia dar risada de suas palhaçadas.

-Você se daria muito bem fazendo uma comédia. Comentei depois de rir de suas graças.

-Eu preferia fazer uma vilã sabe? Daquelas bem malvadas mesmo. Rimos e assim terminamos nossa noite.

[...]

-Marcela eu não aguento mais. Disse desesperada. -Tô a ponto de jogar tudo pro ar sabe? Eu quero minha filha. Chorava.

-Calma amiga, nós vamos conseguir entrar em contato com o Luan, você vai ver.

-Quando Marcela? Já faz mais de um mês que eu sai da clinica e nada.

-A gente pode ver se vai ter show dele aqui por esses dias, quem sabe a gente consegue alguma coisa. Marcela disse me dando um pouco de esperanças. Ela pegou meu note e entrou no site dele constatando que haveria um show dele na cidade no dia seguinte. -Pronto! A gente vai nesse show.

-E como vamos falar com ele?

-A gente pode se inscrever pra entrar no camarim.

-E a chance da gente conseguir isso é de uma em um milhão né? Bufei.

-A gente pode pelo menos tentar? Ela ignorou o fato de isso ser praticamente impossível e fez nossas inscrições. 

-Agora vamos que a gente já tá atrasada. Disse e peguei minhas coisas. Fomos para a escola e depois da aula Bruna nos chamou pra ir ajudar ela escolher um vestido pra um casamento que ela iria.

-Eu só preciso passar em casa pra pegar meu cartão que eu esqueci. 

-Então segue a gente até a minha casa, eu guardo o carro e depois vamos com você. Pode ser? Sugeri.

-Claro! 

Deixei meu carro em casa e entramos no carro de Bruna.

-Vocês não moram tão longe de mim. Ela sorriu dando partida.

Entramos num condomínio de luxo e depois de virar umas ruas ela estacionou. -Querem entrar? Ela perguntou.

-Não, a gente espera aqui. Disse.

Bruna entrou correndo e eu fiquei no carro com Marcela.

-Não fazia ideia que ela fosse tão bem de vida assim. Marcela dizia do banco de trás olhando a mansão que Bruna havia entrado.

Ficamos esperando e enquanto isso eu observava um casal se aproximando, o rapaz empurrando um carrinho de bebê e a mulher ao seu lado. Fiquei olhando e reparando no casal que cada vez ia ficando mais perto, até me dar conta de quem se tratava.

-Olha ali Marcela. Dei um grito.

-O que foi?

-Não é o Luan Santana ali. Apontei e ela veio mais pra frente pra poder ver melhor.

-Não é que é mesmo. Ela olhava de boca aberta. -Aquela deve ser a mulher dele.

-E minha filha deve estar dentro daquele carrinho. Meus olhos se encheram de lágrimas.

-Olha! Marcela apontou assim que eles passaram ao lado do carro e foram em direção a casa onde Bruna havia entrado. Logo ela saiu, deu um beijo no rosto dele.

-O que será que ele é dela? perguntei olhando pra eles conversando animadamente.

-Não faço ideia. Marcela comentou. Bruna se despediu do casal que entrou na casa e ela veio em direção ao carro.

-Desculpa a demora gente, tava conversando com emu irmão ali. Ela disse assim que entrou.

Irmão? Não estava acreditando. Ela era irmã dele, tia da minha filha. Olhei pra Marcela no banco de trás e ela estava tão boquiaberta quanto eu. Seguimos para o shopping com a Bruna e depois de horas ela comprou seu vestido. Enquanto estávamos sentadas na praça de alimentação, Marcela fuçava em seu celular.

-Não conseguimos. Ela disse me olhando.

-O que?

-Não fomos sorteadas. 

-E você ainda estava achando que seriamos?

-Sorteadas pra que? Bruna perguntou e Marcela me olhou quase implorando pra não falar nada, mas eu precisava apostar minha ultima ficha. Não queria ter que usar Bruna pra isso, já que ela tinha se tornado uma amiga pra mim, mas eu precisava.

-Pra entrar no camarim do Luan Santana. Disse e Marcela negou com a cabeça.

-Eu ia mesmo falar sobre isso com vocês. 

-Sobre o que? Me espantei.

-Meu irmão vai fazer show aqui perto amanhã, ia chamar vocês pra ir comigo. Bora? 

-Claro! Disse animada. Agora sim minhas esperanças voltaram, eu iria tentar de todas as formas falar com ele e esclarecer as coisas sobre Malu.

Agora vai?