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Alguns dias haviam se passado desde o fim do meu namoro com Luan e eu tentava de todas as formas me focar em algo pra não ter que ficar pensando nele. Passava muito mais tempo na boate do que em casa e isso estava ajudando um pouco, a não ser o fato de Malu cobrar minha presença e viver perguntando do pai, que desde que tudo aconteceu, nunca mais nem sequer ligou pra saber da menina. Apenas dona Marizete e Bruna ligavam e até vinham vistá-la.
-Final de semana o Renan vai dar uma festa. Marcela tagarelava enquanto eu assinava uns papéis.
-Hanhan! Continuei prestando atenção no meu trabalho.
-Será que dá pra você largar isso me dar atenção? Ignorei. -Porra Jéssica! Larga isso! Falou mais alto demonstrando seu nervosismo.
-Eu tô tentando trabalhar! A encarei.
-E eu tô tentando te ajudar.
-Eu estou precisando de ajuda porque mesmo?
-Vamos pra festa do Renan?
-Eu não posso!
-Não pode ou não quer?
-Os dois!
-Você precisa se distrair, sair um pouco dessa sala, deixar esses papéis de lado.
-Eu preciso ocupar minha cabeça com alguma coisa.
-Enquanto isso deixar de viver? Abandona sua filha?
-Eu não abandonei ninguém Marcela.
-Ah não? Me diz quando foi a ultima vez que passou mais de duas horas com a Malu? Me diz quando foi a ultima vez que foi em algum evento da escola, que levou ela pra passear, que colocou ela pra dormir? Me diz!
-Que saco! Larguei os papéis nervosa na mesa e coloquei minha cabeça entre as mãos respirando fundo. Sabia que Marcela tinha razão e que eu estava realmente deixando minha filha de lado. -Eu não sei o que eu faço!
-Sai um pouco dessa sala. Vamos na escola da Malu, pegamos ela mais cedo e levamos ela pra dar uma volta. Que tal?
-Acho que você tem razão.
-Você acha? Eu tenho certeza!
-Então vamos logo. Desliguei o computador, peguei minha bolsa e seguimos para a escola da minha filha. Avisei na diretoria que a pegaria mais cedo e logo liberaram sua saída. 
-Porque eu vou embora agora? Malu perguntou confusa vendo que só ela estava saindo da escola.
-Porque a mamãe vai levar você pra passear. Sorri a pegando no colo.
-Mas agora mamãe?
-É! Você não quer ir?
-Quero! Sorriu alegremente e não tinha coisa melhor nessa vida do que ver minha filha sorrindo. 
-Então vamos.
-A tia Cela também vai? Perguntou assim que a coloquei sentada em seu lugar no carro.
-Vou porque? Não quer que eu vá? Se fez de ofendida.
-Claro que quero.
Chegamos no shopping e Malu quis ir direto para o parque que tinha ali. Coloquei mais créditos no cartão que servia para usar nos brinquedos e deixei ela escolher em quais iria. Me sentei com Marcela ali perto pra poder ficar de olho em minha filha.
-Viu só como ela está se divertindo. Marcela afirmou me encarando enquanto eu não tirava os olhos de Malu.
-Eu tinha me esquecido como era bom vê-la sorrir. 
-Acha que vale a pena perder momentos assim por causa do...
-Eu sei que eu errei Marcela! A cortei antes que ela tocasse em seu nome. -E te agradeço por abrir meus olhos a tempo. Finalmente a olhei.
-Me agradeça indo a festa do Renan comigo.
-Marcela não insiste.
-Porque não? Me dê um motivo.
-Te dou até dois. Disse e ela fez menção que eu continuasse. -Primeiro, você vai me largar lá e ficar de agarramento com o Renan. E segundo, o Luan pode aparecer por lá. Expliquei e ela balançou a cabeça negando.
-Primeiro que eu não vou largar você lá. É aniversário do Renan, vai estar cheio de amigos e familiares dele, vou deixar ele curtir. Segundo, a Bruna vai estar lá e sozinha, o Léo está no Rio resolvendo umas coisas e terceiro, vai ser sábado e você sabe muito bem que o Luan sempre tem show no sábado. Não tem como ele aparecer por lá.
-Com a sorte que eu ando tendo ultimamente, eu não duvidaria. Bufei.
-Quem sabe não encontra um gatinho por lá e acaba com essa seca? Talvez melhore esse seu humor. Brincou.
-A gente encontra aquilo que está procurando, o que não é o meu caso. Tô de boa de relacionamento.
-Só por curtição. Tirar o atraso, sei lá! Deu de ombros.
-Cala a boca Marcela. Você não vai desistir não é mesmo?
-Não!
-Tá bom então! Eu vou nessa festa.
-Eu sabia. Comemorou.
-Só espero não me arrepender disso.
Peguei Malu no parque e fomos comer alguma coisa, como estava fazendo todas as vontades dela, concordei de irmos comer no Mc Donalds e ela depois de comer seu lanche, se acabou num Milk Shake de chocolate. Demos mais umas voltas depois de Marcela alegar que precisava comprar uma roupa para usar na festa do namorado, aproveitei a oportunidade e comprei uma pra mim também. Deixei Marcela em casa e segui para a minha com Malu.
-Você vai trabalhar hoje a noite mamãe? Malu perguntou enquanto eu penteava seus cabelos depois do banho.
-Não meu amor, hoje eu vou ficar com você. Disse e ela comemorou. Descemos pra sala e ela insistiu para assistirmos um filme. Ajudei ela na lição da escola e depois nos deitamos no sofá para assistir.
-Mamãe? Chamou sem tirar a atenção da TV.
-Oi meu amor.
-O papai ligou pra você? Perguntou e eu tremi.
-Não filha!
-Porque ele não liga mais, nem vem me ver? Se sentou me encarando e seu semblante era triste.
-Seu pai tá trabalhando meu anjo.
-Mas ele ligava todo dia.
-Ele tá muito ocupado com os shows filha, quando tiver um tempinho ele liga.
-Posso ligar pra ele? Pediu manhosa.
-Ele tá ocupado Malu. Melhor não atrapalhar. Inventei uma desculpa qualquer e ela desistiu, mas sabia que não por muito tempo. O filme terminou e Malu já dormia, a peguei com um pouco de dificuldade e a levei para o seu quarto. Coloquei minha filha na cama e depois de lhe dar um beijo, apaguei a luz e sai.

Chegou o dia da tal festa do Renan e pra falar a verdade não estava nenhum pouco afim de ir. Marcela ficou no meu pé o dia inteiro mandando mensagens e eu tentava ignorar, mas ela era muito insistente.

-Já disse que vou não disse. Respondi uma de suas mensagens.
-Passo na sua casa as oito, esteja pronta.
-Eu vou com meu carro, assim não dependo de ninguém pra vir embora.
-Você é insuportável. 

Ignorei e ela não mandou mais nenhuma mensagem. Passei o dia todo com Malu, ela estava adorando todo esse nosso grude e assim não perguntava tanto pelo pai. 
Depois de dar janta pra Malu, ajudei ela escovar os dentes e logo ela adormeceu, estava exausta. Aproveitei e fui me arrumar, tomei um banho relaxante de banheira e demorei o quanto pude. Sai, arrumei meu cabelo e me vesti.

Terminei de me maquiar e Marcela já estava buzinando na frente da minha casa. Peguei logo minha bolsa e desci antes que algum vizinho chamasse a policia por causa do escândalo da minha amiga.
Assim que apareci na porta ela parou e abriu o vidro.
Mostrei o dedo do meio pra ela e entrei no meu carro. 
Chegamos na festa e já estava cheia. Encontramos com Bruna e ela me cumprimentou meio sem graça.
-Já disse pra parar de agir assim comigo. Sorri sincera pra ela.
-Meu irmão é um idiota.
-Eu sei disso, mas não precisamos mudar nossa amizade por causa dele.
-E como a Malu está?
-Bem, graças a Deus.
Marcela voltou e já estava com um copo de bebida.
-Porque não trouxe alguma coisa pra gente? Bruna perguntou.
-Esqueci gente. Sorriu sem graça e Bruna saiu pra buscar nossas bebidas.
-Cadê o Renan? Ainda não falei com ele?
-Ele ainda não desceu acredita? Tá se emperiquitando. Fez careta e eu ri. -Tá de boa?
-Porque não estaria?
-Sei lá, depois do último episódio, você vs bebida?
-Eu tô de boa, relaxa! Respondi e ela deu de ombros. Bruna chegou me entregando uma taça de energético e ficamos nós três ali dançando. Marcela vez ou outra tinha que ir dar atenção para os parentes de Renan deixando apensa eu e Bruna. 
-Aquele gato não para de olhar pra você. Bruna comentou rindo e eu olhei disfarçadamente.
-Como sabe que é pra mim? 
-Porque ele não está nem disfarçando. Riu.
-Deixa olhar ué. Dei de ombros. Ele era realmente gato mas não estava afim.
Renan desceu e eu pude parabenizá-lo e entregar seu presente, ele ficou um tempinho com a gente e depois saiu pra falar com o restante dos convidados.
-Quem é aquele que está conversando com o Renan? Bruna perguntou a Marcela e vi que ela se referia ao gato que olhava pra mim.
-Ele é irmão mais novo da mãe do Renan.
-Hum! Ele não para de olhar pra Jéssica. Bruna comentou.
-Sério? Marcela quase gritou. -Vai lá. Me cutucou.
-Eu não! Não tô afim. A festa foi ficando mais divertida, dançamos um pouco, fui buscar mais um pouco de energético enquanto Bruna foi ao banheiro e Marcela estava com Renan.
-Oi? Ouvi uma voz atrás de mim e me virei. Era o "gato"
-Oi! Disse sem muito interesse.
-Você é parente da Marcela?
-Amiga de infância.
-E porque ela nunca nos apresentou? Perguntou e eu apensa dei de ombros.
-Eu ia perguntar se é solteira mas duvido muito que seja.
-Pois não duvide.
-Mas porque uma moça tão bonita está solteira?
-Talvez eu tenha algum defeito. Brinquei.
-Ou esses homens são uns idiotas, cegos. Riu. -Erick! Se apresentou me estendendo a mão.
-Jéssica! O cumprimentei normalmente.Ficamos conversando por um tempo e além de gato ele era muito simpático.
-Sério mesmo que você é solteira?
-Fiquei a pouco mais de um mês.
-Eu também estou solteiro a pouco tempo.
Bruna passou por nós e fez uma cara sapeca. Ignorei e continuei meu papo com o gato, estava interessante mas não ficaria com ele. Trocamos telefone e depois voltei com as meninas.
-Não tô afim. Marcela ironizou imitando o que eu disse momentos atrás.
-Eu não fiquei com ele. 
-Ele pediu? Bruna perguntou.
-Não! Nem se pedisse.
-Você é muito burra sabia? O Erick é um fofo. Marcela comentou.
-Que seja, mas não vou ficar com ele. Desviei o assunto e conversamos sobre outras coisas. Estava dançando com as meninas quando senti meu celular vibrar, peguei e era uma mensagem nova no WhatsApp, abri e era Erick.
-Ele está me chamando pra sair. Parei de dançar e comuniquei as meninas que me olharam sem entender.
-Quem? Marcela perguntou aérea.
-O Erick. Confirmei.
-Já? Bruna se espantou. -O que você vai responder?
-Que eu não vou!
-Como assim? Marcela me encarou. -Jéssica?
-Eu não vou gente. Não quero sair com ninguém e eu tenho que trabalhar. Disse e senti Marcela puxar o celular da minha mão. -Marcela me dá isso? Pedi e ela saiu rapidamente de perto de mim, voltando minutos depois.
-Prontinho! Me entregou o celular e vi que ela tinha respondido Erick.

Claro! É só marcar o dia.

-Eu te mato. A fuzilei.
-Mata nada. Tenho certeza que não vai se arrepender.
-Claro que não, eu não vou.
-Veremos. Continuamos dançando até a hora de cantar os parabéns. 

Marcela foi ajudar a mãe de Renan em alguma coisa e Bruna foi pra um lugar com menos barulho pra atender uma ligação de Léo, procurei um lugar pra sentar pois estava muito cansada, achei um sofá perto da entrada da casa e fiquei ali mesmo. Fiquei fuçando no celular e senti alguém se sentar ao meu lado.
-Cansou? Olhei e era Erick.
-Um pouco. Sorri.
-Também, olha o tamanho desse salto. Comentou.
-Pois é, pra você ver o que temos que fazer pra ficar bonita.
-Para com isso vai. Você nem precisa fazer esforço nenhum.
-Bondade sua. Sem essa maquiagem eu me transformo.
Ficamos nesse papo descontraído até eu notar uma movimentação estranha e tudo só piorou quando vi quem estava chegando.
-Era só o que faltava. Comentei um pouco alto.
-O que foi? Erick perguntou olhando na direção da porta.
-Nada não! Tentei disfarçar e não sei se funcionou.
Luan me lançou um olhar matador e entrou na casa conversando com umas pessoas.  -Eu preciso ir atrás das meninas. 
-Nosso encontro está de pé?
-A gente vai se falando. Desconversei e sai atrás de Marcela. Passei pela cozinha e nada dela, fui para fora, onde estava rolando a festa e a avistei um pouco mais no fundo, ainda com a mãe de Renan.
-Droga! Sussurrei. Procurei por Bruna e nada dela também, decidi ir embora sem avisar mesmo mas assim que me virei esbarrei em alguém. Alguém que não queria nem ver na minha frente.
-Tá com pressa? Me encarou.
-Desculpa! 
-Posso conversar com você?
-Não tenho nada pra conversar com você. Me dá licença? Pedi pois ele estava na minha frente.
-Por favor Jéssica?
-Fala logo então. 
-Aqui não.
-Não vou a lugar nenhum com você.
-Ali fora pelo menos, está menos barulho. Queria acabar de uma vez com aquilo então sai andando na frente dele, já procurando a chave do meu carro.
-Fala. Disse e ele abriu a porta do seu carro, que estava na frente da casa. -Não vou entrar Luan, fala de uma vez.

Luan On

O show de hoje havia sido cancelado por motivos de segurança e como era perto de casa e eu teria alguns dias de folga depois disso, resolvi voltar pra casa, lembrei que hoje era a festa de aniversário do Renan e decidi que seria uma boa ir, já que não estava fazendo nada. Cheguei em casa e depois de tomar um banho e me arrumar sai em direção a casa dele.
Cheguei e já estava bem movimentada, assim que passei pela porta vi a Jéssica e não gostei nada. Ela estava conversando com um cara e estava intima demais pro meu gosto. Tudo bem que não estávamos mais juntos, mas foda-se! Eu não gostei. Entrei a procura de Renan para parabenizá-lo e depois de fazer isso a vi sozinha, precisava mesmo falar com ela e aproveitei a oportunidade. Ia chamá-la quando ela se virou toda estabanada e esbarrou em mim.
-Tá com pressa? A encarei.
-Desculpa! Ela disse se afastando e se assustou ao me ver na sua frente.
-Posso conversar com você?
-Não tenho nada pra conversar com você. Me dá licença? Pediu um pouco grossa.
-Por favor Jéssica?
-Fala logo então. Bufou.
-Aqui não.
-Não vou a lugar nenhum com você. Disse incomodada.
-Ali fora pelo menos, está menos barulho. Tentei tirá-la dali pois realmente estava barulho.
-Fala. Ela disse assim que saímos da casa e eu abri a porta do meu carro que estava ali na frente. -Não vou entrar Luan, fala de uma vez. Cruzou os braços.
-Como você está? Puxei assunto e ela me encarou ainda mais nervosa.
-Eu não acredito Luan. Você me chamou aqui pra isso?
-Só quis ser gentil.
-Só isso? Posso ir embora?
-Não! Segurei seu braço. -Posso buscar a Malu amanhã?
-Ah, lembrou que tem uma filha?
-Eu estava sem tempo.
-Pra certos tipos de coisa você encontra tempo. Ela estava muito nervosa e eu estava com medo de apanhar ali na frente de um monte de gente.
-Posso ou não posso?
-Vou pensar. Agora eu preciso ir. Olhou minha mão que ainda estava em seu braço e eu a soltei, mesmo a contra gosto. 

Eita laia. Esses dois são um problema hein?